Depois do tema dos mapas, em falta para que o Parlamento tenha o documento completo da proposta de Orçamento do Estado para 2017 - a última polémica em torno do Orçamento - Mário Centeno iniciou o debate com uma primeira exposição do contexto económico em Portugal e das razões que levaram o Governo a fazer estas opções e não outras.
Desengane-se quem achar que podemos mudar tudo em um ano ou em dois orçamentos", diz o ministro da tutela. E acrescenta que "a miopia política de uns adia o futuro de milhões".
Centeno pede propostas, para responder ao desafio de "implementar políticas para crescer de forma sustentável [aquelas políticas que o país precisa]", numa crítica velada, ao PSD e CDS-PP, e diz que "agarrado ao passado fica o velho do Restelo".
Centeno falou ainda de como os indicadores macroeconómicos estão a dar sinais de recuperação, concretamente, a confiança dos portugueses. Mas também o desempenho “favorável” do investimento privado, das exportações, do consumo e do emprego, referindo mesmo que o desemprego está a descer “porque aumenta o emprego e não porque há mais portugueses a sair do mercado de trabalho ou a ir para o estrangeiro”.
Na sua explanação inicial o ministro das Finanças, não poupou críticas a medidas do Governo de Passos Coelho. Com destaque para o aumento do horário de trabalho na Função Púbica, de 35 para 40 horas semanais, que segundo Centeno não trouxe poupanças. Este foi, de resto, o mote utilizado pelo ministro para garantir que os custos da passagem, parcial, para as 35 horas ainda este ano, terá um aumento nos custos com pessoal - que o Orçamento estima em 25 milhões de euros - mas a dimensão pode ser acomodado pelo Orçamento para a saúde.
No rol do dedo apontado às políticas de direita fica ainda o tema do quociente familiar criado no âmbito da reforma do IRS, que este Governo substituiu no seu primeiro Orçamento por uma dedução fixa. Ora, segunda o ministro das Finanças, esta medida beneficiou mais os 10% dos contribuintes que têm rendimentos mais elevados.
O responsável pelas Finanças não resistiu a acabar a sua intervenção sem falar da polémica em torno dos números/ dados que o Executivo está a ultimar. Assegura o que já tinha comunicado à presidente da Comissão, Teresa Leal Coelho, estar disponível para uma nova audição. Não sem antes ir ainda mais longe, na crítica à oposição, por levar, diz o ministro, o "diabo" ao Parlamento.
Não há falta de números, há é falta de números que agradem à oposição", ironiza, o ministro que garante ainda ao deputados que o Governo não está a esconder nada.