Banqueiros portugueses contra regras «excessivas» de Bruxelas - TVI

Banqueiros portugueses contra regras «excessivas» de Bruxelas

Dinheiro

Desacordo quanto às reformas que obrigam instituições financeiras a dar provas de liquidez e a aumentar capital leva banca portuguesa a dirigir-se, por carta, à Comissão Europeia

Não há dinheiro e os próximos tempos vão ser de aperto para a banca portuguesa. As novas regras de prevenção de futuras crises que a Comissão Europeia quer levar avante motivaram uma união de forças por parte dos líderes dos principais bancos portugueses, para convencer Bruxelas de que as novas exigências são «inaceitáveis» e prejudicam, sobretudo, as pequenas e médias empresas.



Faria de Oliveira (CGD), Santos Ferreira (BCP), Ricardo Salgado (BES), Fernando Ulrich (BPI) e o presidente da APB (Associação Portuguesa de Bancos), António de Sousa estiveram reunidos há 15 dias com o comissário para o Mercado Interno, Michel Barnier.

Banca: novo imposto vai mesmo avançar



Em cima da mesa, estiveram os argumentos dos bancos portugueses contra as regras de Basileia III (o projecto de regulação financeira internacional elaborado pelo Comité de Supervisão Bancária de Basileia a discutir na reunião do G20) e contra as alterações à CRD (a directiva sobre os capitais das instituições financeiras).



Bruxelas quer que os bancos aumentem os seus capitais e dêem garantias de maior liquidez. Uma medida que a banca portuguesa garante ser catastrófica por asfixiar ainda mais o acesso ao financiamento.



Novas regras são «demasiado duras e excessivas»



«Somos frontalmente contra a divulgação pública de informações detalhadas sobre a situação de liquidez», aponta a carta elaborada pela APB, citada pelo jornal «i».



Até porque, alertam os responsáveis, emerge o perigo de «um caso esporádico de incumprimento ser visto por analistas e investidores como um pré-aviso de problemas financeiros, situação que pode desencadear uma espiral negativa de consequências irreversíveis».



A posição nacional é clara: as novas exigências são «demasiado prescritivas, duras e excessivas», sobretudo no que toca aos capitais, ultrapassando «muito os riscos envolvidos». E podem levar a uma quebra dos ganhos dos investidores, agravando a capacidade de o sector se financiar.



Financiamento às PME em risco



Por outras palavras, «as propostas vão ter largas consequências negativas no financiamento da economia real». Pior, estes efeitos irão duplicar: a economia «vai reduzir a capacidade de emprestar dinheiro, especialmente a médio/longo prazo, e o custo do financiamento dos privados e das empresas vai subir», resume o documento entregue ao comissário europeu Michel Barnier.



Os alvos mais frágeis são precisamente «países como Portugal, onde o tecido empresarial são maioritariamente PME, que não emitem instrumentos financeiros e/ou não buscam financiamento nos mercados de capitais». Os bancos poderão ter cada vez mais dificuldades em conceder crédito.



A carta insiste ainda que «as implicações para o investimento reprodutivo e para o crescimento na economia portuguesa serão enormes».
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