BES preocupado com rácios de liquidez de longo prazo - TVI

BES preocupado com rácios de liquidez de longo prazo

Ricardo Salgado

Afasta aquisições em Espanha e espera testes de stress exigentes

O presidente do BES está preocupado com os rácios de liquidez de longo prazo na banca europeia.

Para o banqueiro, o CEBS, autoridade europeia que regula o sector, «devia rever estes rácios porque podem criar um problema muito sério de financiamento da actividade económica e das pequenas e médias empresas».

Em entrevista ao espanhol «El Economista», Ricardo Salgado diz que «algumas das exigências devem ser moderadas no sentido de não se colocarem mais entraves à recuperação económica da Europa», sublinhando que «o problema não é só dos países periféricos, tem a ver com toda a Europa».

Sobre as medidas de reforço da banca, que estão a ser adoptadas a nível europeu, o banqueiro sublinha que «são medidas de reforço de capital e de solvência», que estão já a ser postas em prática.

Já as regras de Basilea III, que impõe rácios de capital mais exigentes, Ricardo Salgado diz que «já as estamos a interiorizar. Decidimos pô-las em prática progressivamente, de forma determinada e consistente. O que mais me preocupa são os rácios de liquidez a longo prazo».

BES não está às compras em Espanha

O BES não está, neste momento, a pensar em fazer aquisições em Espanha.

O banqueiro admite que «há activos a muito bom preço», mas sublinha que «estamos a sofrer as consequências da crise europeia», pelo que «agora temos de reforçar os nossos rácios de capital antes de dar outros passos».

«Além disso, temos já um sólido acordo com o Banco Pastor, que vamos desenvolver no futuro, mantendo a nossa independência. Queremos fazer mais coisas juntos não só a nível ibérico mas também a nível internacional», afirmou, exemplificando com o apoio à internacionalização de empresas espanholas.

Testes de stress mais exigentes, mas BES confiante

Ainda que, para já, não se saiba qual será o nível de exigência dos novos testes de stress que vão ser feitos à banca europeia, o presidente do BES tem uma certeza: desde que os primeiros foram feitos os mercados dos países do Sul da Europa sofreram fortes quedas e, «quando sobre um mercado de capital que já está muito débil se vai aplicar mais stress, há que ter em conta as perdas de valor que se podem provocar nas carteiras de participações. Portanto, «na hora de aplicar os testes de stress, devia ter-se em conta as realidades do mercado de capitais».

E explica: «se vão pedir as mesmas condições em França, Alemanha, Portugal e Espanha, mas os nossos mercados já estão muito desvalorizados, já não se pode ir mais abaixo! Há que analisar os parâmetros dentro das circunstâncias financeiras e económicas de cada país», defende.

«Não conhecemos a profundidade do stress que se aplicará desta vez, mas o BES acredita que vai superar os testes sem dificuldade porque tem um bom rácio de core Tier1, de Tier1 e uma holding financeira com rácios muito bons», concluiu.
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