BPI podia reembolsar Estado se exigências fossem revistas

O presidente do BPI, Fernando Ulrich, disse esta quarta-feira que o banco poderia reembolsar «de imediato» ao Estado 600 milhões de euros do empréstimo obrigacionista que lhe concedeu se as exigências de capital feitas ao banco fossem atualizadas.

«Consideramos uma violência calcular o rácio [de capital] com base em 30 de setembro de 2011, estão a fazer exigências de capital por motivos que já não existem», disse Fernando Ulrich na apresentação de resultados do banco, em Lisboa, escreve a Lusa.

Segundo o banqueiro, caso as exigências da Autoridade Bancária Europeia (EBA em inglês) fossem atualizadas, o BPI «podia de imediato reembolsar 600 milhões de euros de 'CoCos' subscritos pelo Estado».

Já em setembro, Ulrich se tinha mostrado insatisfeito com o facto de o banco ter que manter capital para fazer face a dívida pública a preços de mercado de setembro de 2011, defendendo que a EBA deveria permitir que o seu valor fosse atualizado já que, no caso do BPI, algumas dívidas já foram amortizadas e a que o banco continua a deter foi valorizada.

Segundo afirmou, essa alteração de critérios permitiria ao banco amortizar mais cedo parte do empréstimo de 1.300 milhões de euros em obrigações subordinadas de conversão contingente (CoCos) subscritos pelo Estado com vista à recapitalização do banco para cumprir as metas da EBA e do Banco de Portugal.

Ulrich considerou hoje que o facto de o banco não poder devolver os 600 milhões de euros significa que está a pagar juros «a mais» e que é uma «extorsão injustificada aos acionistas».

O BPI lucrou 117,1 milhões de euros entre janeiro e setembro, mais 15,3% do que há um ano.