BPN: nacionalização «não foi a melhor decisão» - TVI

BPN: nacionalização «não foi a melhor decisão»

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Rui Vilar diz que a melhor opção seria mesmo a liquidação

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O ex-presidente da Fundação Calouste Gulbenkian Emílio Rui Vilar considerou esta sexta-feira, numa entrevista à rádio Antena 1, que a nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN) «não foi a melhor decisão».

Na primeira grande entrevista desde que deixou oficialmente a presidência da Gulbenkian, na quinta-feira, Rui Vilar falou sobre os 16 anos passados na instituição, dez dos quais na presidência, e também comentou a atualidade política e económica no país e na Europa.

«Apesar de se ter invocado o risco sistémico, a nacionalização do BPN não foi a melhor decisão», avaliou o jurista, atual administrador não executivo da Gulbenkian, e presidente do Conselho de Auditoria do Banco de Portugal desde 1996.

«Deveria ter-se optado pela liquidação do BPN, assegurando os investimentos dos depositantes, e separando-se o bom do mau crédito», defendeu citado pela Lusa, comentando que a nacionalização «implicou um processo muito longo, durante o qual se perdeu muito tempo e recursos».

A Comissão de Inquérito sobre a nacionalização e reprivatização do BPN vai começar no final da próxima semana com uma série de audições, começando pela secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque.

«Ocultou-se muita informação. Espero que se consiga dizer a verdade sobre um caso muito complexo», declarou Rui Vilar, acrescentando que «há elementos no processo que são casos de polícia».

Quanto ao desempenho do Banco de Portugal neste caso, Rui Vilar disse que o Conselho de Auditoria «não tinha autoridade na área da supervisão, situação que foi alterada» com a entrada no novo presidente, Carlos da Silva Costa.

«Esse risco hoje está diminuído porque as equipas de supervisão foram aumentadas. O Banco de Portugal está melhor preparado para detetar movimentos irregulares», asseverou na entrevista à rádio Antena 1 o ex-secretário de Estado do Comércio Externo e Turismo do I Governo Provisório (1974), a quem foi também confiada a tutela do Ministério da Economia dos II e III Governos Provisórios (1974-1975).

Rui Vilar assinalou ainda que «o grande problema» em casos como este «é não haver divisórias entre a política e a economia».

«Muitas vezes há contaminações que não são positivas, nem para um lado nem para o outro», considerou, defendendo a implementação de códigos de conduta nas empresas.
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