BPN: «Nunca foram discutidos números» com Montepio - TVI

BPN: «Nunca foram discutidos números» com Montepio

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Governo afirma desconhcer oferta que rondava os 35 a 50 milhões de euros

O Montepio Geral nunca apresentou valores específicos para aquisição do Banco Português de Negócios (BPN), disse esta terça-feira a secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque.

Durante uma audiência perante a comissão parlamentar de inquérito ao BPN, fez questão de frisar que a proposta do Montepio implicaria a liquidação do BPN, escreve a Lusa.

O deputado social-democrata Hugo Velosa questionou a secretária de Estado sobre os motivos que levaram o Governo a não aceitar a proposta do Montepio Geral, acabando por reprivatizar o BPN por 40 milhões de euros, vendendo-o ao angolano BIC.

«O que o Montepio propôs não foi a compra do banco. O que o Estado disse foi que a proposta [do Montepio] poderia ter interesse se não conseguíssemos a solução preferida, que era a do banco», disse Albuquerque. «Não se pode manter em paralelo negociações para venda e para liquidação. Seriam eventualmente fases subsequentes».

A governante acrescentou que «nunca houve números em cima da mesa» nas negociações com o Montepio, dizendo desconhecer qualquer oferta de entre 35 a 50 milhões de euros.

«Esses valores que foram ventilados, os senhores deputados tiveram conhecimento deles antes de mim. Nunca tinha ouvido falar daqueles números».

«Nunca foram sequer discutidos quaisquer números, com exceção do prémio que se propunham pagar pelos depósitos [1,22]».

A governante disse ainda que a proposta do Montepio implicaria mais despedimentos de funcionários do BPN: «O Montepio comprometia-se a salvaguardar 350 postos de trabalho, e 350 é bastante menos que 750 [número da proposta do BIC]».

Hugo Velosa e o centrista João Almeida questionaram Maria Luís Albuquerque sobre a proposta apresentada pelo Núcleo de Investidores Estratégicos (NEI). A secretária de Estado respondeu que esta oferta não era credível.

«A oferta final [do NEI] era de 120 milhões de euros, mas de onde vinha o dinheiro nunca conseguimos esclarecer. Disseram-nos que tinham um sócio, um banco europeu; quando perguntei quem era, não me responderam», afirmou Maria Luís Albuquerque aos deputados.

«Não ofereciam garantias suficientes para levar as negociações por diante, era preciso ter outra confiança na capacidade daquele grupo de cidadãos».

«A única proposta que nos apareceu em condições de ser aceite era» a do BIC, que deu 40 milhões pelo BPN.

Quadros do Miró leiloados com «transparência»

Maria Luís Albuquerque disse ainda que os «muito falados» quadros do pintor catalão Joan Miró serão leiloados «com toda a transparência».

«Alguns ativos [do BPN], como os quadros de Miró, são muito falados. as semanas recebo uma ou duas propostas por eles das fontes mais inusitadas».

A secretária de Estado disse então que «serão consultadas as duas leiloeiras internacionais» - Sotheby's e Christie's -, para fazerem um «leilão público».

Maria Luís Albuquerque recordou que, da coleção de 85 obras de Miró detida pelo BPN, nem todas obras podem ser vendidas: «Algumas estavam à guarda do BPN mas não eram propriedade do BPN».

O leilão vai aplicar-se às obras «em condições para serem alienadas».

Ausencia de preço mínimo vinha do anterior governo

Limite de preço dispensado por anterior Governo

Na sequência de perguntas dos deputados Carlos Abreu Amorim (PSD) e João Almeida (CDS-PP), Maria Luís Albuquerque frisou que, quando tomou posse no final de junho de 2011, já estava definido pelo anterior Governo socialista junto da troika que o BPN seria vendido sem preço mínimo (ao contrário do concurso do ano anterior, que ficara deserto) e que o prazo para encontrar comprador era até 31 de julho de 2011.

Maria Luís Albuquerque frisou então que essa recusa em negociar com um só potencial comprador, no caso específico do BPN, teria significado a liquidação do banco.
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