Contas públicas: Governo encontrou «desvio colossal» - TVI

Contas públicas: Governo encontrou «desvio colossal»

Passos Coelho não quer queixar-se da «herança» do PS, mas faz reparo sobre o estado das contas públicas nacionais

[Notícia actualizada às 11h45 com reacção do PS]

O novo Governo encontrou um «desvio colossal em relação às metas estabelecidas» para as contas públicas. O primeiro-ministro afirmou isto mesmo ainda terça-feira à noite, perante o Conselho Nacional do PSD.

De acordo com um dos elementos presentes na reunião do Conselho Nacional do PSD, que decorre num hotel de Lisboa, Passos Coelho reiterou que o Executivo não se vai queixar da «herança» do PS, mas não deixou de fazer uma observação sobre o estado das contas públicas portuguesas.

Segundo a mesma fonte, que é citada pela Lusa, o primeiro-ministro e presidente do PSD afirmou que os membros do seu executivo ficaram «surpreendidos com o desvio que encontraram em relação ao que o anterior Governo dizia». Trata-se mesmo de «um desvio colossal em relação às metas estabelecidas».

Na reacção, o PS, pela voz de João Galamba quer que o primeiro-ministro explique o que viu que a «troika não foi capaz de ver».

Passos Coelho advertiu os conselheiros nacionais do PSD para as «grandes dificuldades» que Portugal enfrenta, referindo que os membros do seu Governo conhecem «a situação real» deixada pelo PS.

Também ontem, depois do encontro com o presidente do Conselho Europeu, Passos Coelho falou sobre a crise. Para o primeiro-ministro são precisas mais medidas para salvar Europa.

Bancos podem inverter aperto excessivo de crédito

Entretanto, uma palavra também para o sector financeiro. Passos Coelho considera que há condições para os bancos inverterem o que apelidou de «excessivo aperto do crédito».

No Conselho Nacional do PSD, o primeiro-ministro fez alusão ao valor de 12 mil milhões de euros do programa de assistência financeira a Portugal destinados à banca.

« O Governo vai estar atento à evolução da capacidade de alavancagem do crédito por parte dos bancos. Os bancos têm condições para evitar a desalavancagem da economia. Há condições suficientes para inverter o excessivo aperto do crédito». E reforçou: «Estaremos atentos».

Nomeações públicas só depois do novo regime legal

O primeiro-ministro afirmou ainda que o essencial das nomeações públicas por parte do Governo só vai ocorrer depois da entrada em vigor de um novo regime legal.

Fica, no entanto, a garantia, segundo a mesma fonte, de que não vai escolher «amigos, colegas, parentes» para ocupar cargos, mas sim «os mais competentes», independentemente da sua filiação partidária.

«Isto não é desconfiança sobre o partido, é sim a confiança que o partido pode dar à sociedade».

Passos Coelho prometeu separação e, ao mesmo tempo, «articulação entre o Governo e o partido» e pediu espírito crítico aos seus colegas de partido, declarando: «As críticas aqui são bem-vindas. São mesmo bem-vindas».

Fora de portas, o primeiro-ministro remeteu-se ao silêncio. À entrada, horas antes, Passos Coelho considerou estranho que ainda não tenha sido criada uma agência de notação financeira europeia.
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