Crédito: 300 famílias entram em incumprimento por dia - TVI

Crédito: 300 famílias entram em incumprimento por dia

Dívidas

Todos os dias há quase 100 famílias que deixam de pagar o crédito à habitação

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A crise tem batido à porta de cada vez mais portugueses, que deixam de conseguir pagar as suas dívidas à banca. De acordo com os últimos dados do Banco de Portugal, são já 699.129 as pessoas com prestações de créditos em atraso.

A situação não é nova, mas está a agravar-se. Durante o primeiro trimestre, 27.800 famílias juntaram-se à lista do malparado, um aumento de 4,1% face a dezembro, o que significa que, todos os dias, há 306 novos nomes a entrar em incumprimento.

Só no crédito à habitação, aquele que os portugueses deixam de pagar só mesmo em última instância, 8.841 pessoas entraram em incumprimento nos primeiros três meses de 2012, ou seja, 97 casos por dia. Em 2011 foram apenas 34. No total, no fim de março, havia já quase 150 mil famílias com prestações em atraso no crédito à habitação.

Já no crédito ao consumo, eram 374 mil as famílias com prestações atrasadas, mais 25 mil em apenas três meses e 275 novos casos de malparado por dia.

De acordo com a Central de Responsabilidade de Crédito, do Banco de Portugal, 15,3% dos portugueses com créditos contraídos estão já em atraso. Do montante total emprestado pelos bancos às famílias, 3,53% era de cobrança duvidosa. Na habitação, é apenas 1,94% do total, mas no consumo a fatia de malpaado representa mais de 10% do concedido.

E porque a crise não é esquisita, tem batido também à porta de muitas empresas. No fim de março, a banca não conseguia recuperar 8,29 mil milhões de euros emprestados a sociedades não financeiras, ou seja, 7,24% do total. Em cada 100 empresas que pediram dinheiro emprestado à banca, 24,4 não conseguem pagar a tempo e horas as prestações.

Se juntarmos famílias e empresas, então o nível de malparado representa 5,3% do dinheiro emprestado.

A única boa notícia dos dados divulgados esta segunda-feira pelo Banco de Portugal é que o financiamento à economia está a melhorar. Em março, os bancos emprestaram 5,8 mil milhões de euros às famílias e empresas, mais 47% que em fevereiro e mais 31% que no mesmo mês do ano passado. A fatia que coube às famílias foi de 1,5 mil milhões de euros.

Vêm aí novas medidas para travar dívidas

Para evitar que a situação continue a agravar-se, o Governo formou um grupo de trabalho interministerial, com membros dos ministérios da Economia, Finanças e Justiça, que integra também representantes do Banco de Portugal.

O objetivo é rever as regras, de modo a impedir que mais famílias acabem na mesma situação. Uma das soluções em estudo é que os bancos encontrem soluções para as famílias que não conseguem pagar as prestações, revendo o valor mensal a pagar ou alargando o prazo do empréstimo.

Sempre que surgirem os primeiros sinais de risco, como uma alteração na taxa de esforço (peso que as prestações dos créditos têm no rendimento do agregado familiar), os bancos devem alertar os clientes, para prevenir mais incumprimento.

Outra das matérias em análise é a dação em pagamento. Muitas famílias acabam por perder as casas, vendo-se obrigadas a entregá-las aos bancos, mas mesmo assim, continuam a pagar a dívida. É que a desvalorização do mercado imobiliário faz com que, muitas vezes, a habitação valha hoje menos que quando foram contraídos os empréstimos e, mesmo depois de entregue a casa, por vezes resta ainda uma diferença a pagar.

Depósitos abrandam

A par com as dificuldades em pagar contas, aumentam as dificuldades em poupar. Os dados do Banco de Portugal mostram que, em março, os portugueses depositaram nos bancos 9,88 mil milhões de euros, abaixo dos 10,45 mil milhões em novos depósitos, registados em fevereiro.
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