Efromovich: oferta pela TAP é agressiva e melhor que a inicial - TVI

Efromovich: oferta pela TAP é agressiva e melhor que a inicial

Empresário diz que companhia aérea nacional está «enxuta» e tem bons indicadores. Mas precisa de investimento para renovar a frota

German Efromovich, dono do grupo Synergy, que entregou a única oferta vinculativa para a privatização de 95% da TAP (os restantes 5% são reservados aos funcionários), diz que a nova proposta é muito agressiva e melhor do que a oferta inicial.

Em entrevista à Lusa, o empresário diz que «muita gente nos qualificaria de malucos por causa do endividamento da companhia, da situação que estamos a viver na Europa e das previsões sobre o futuro da aviação comercial em função da crise mundial».

Efromovich não fala de valores, mas afasta as informações veiculadas na imprensa, de que teria reduzido o valor financeiro da proposta inicial em 15%.

«Não houve alteração se compararmos o que ocorreu na fase de descobertas da due dilligence [processo de análise e auditoria das informações de uma empresa]. Muito pelo contrário, ela é bem melhor», declarou.

TAP necessita de investimento para renovar frota

Além da dívida, a TAP vem com uma exigência de investimento, mas de resto, o grupo colombiano gostou do que viu. «Ficámos surpreendidos agradavelmente. A TAP está bem enxuta, é eficiente e os indicadores são muito bons. Detetámos alguns problemas por falta de investimento», nomeadamente na frota: «a vida média dos aviões da TAP está em torno de 10 ou 12 anos, o que significa que está na hora de mudar, porque hoje já existem aviões mais eficientes e mais confortáveis».

Considerando que «seria um equívoco (o Governo português) não aceitar» a sua oferta, o empresário diz duvidar «que a manifestação seja de descontentamento, mas de júbilo», já que a privatização será uma oportunidade de gestão «mais eficiente sem necessidade de pôr dinheiro do bolso do contribuinte e sem perder soberania».

Efromovich não vê problema em não poder vender a companhia nos primeiros dez anos, até porque, a comprar, «é para ficar».

«Precisamos de contratar e não de despedir»

Para ficar são também os trabalhadores. «Se vamos crescer, precisamos de admitir gente e não de despedir, a não ser que tenha um monte de pessoas sem fazer nada. Quem está lá para trabalhar vai continuar», afirma, ainda que ressalve que, no atual contexto, ninguém pode «garantir absolutamente nada» em termos de postos de trabalho.

«Mas vou dar um exemplo: quando entrámos nesta companhia [Avianca], todo o mundo tinha medo. Começámos com 4.700 funcionários e agora estamos com 17.000», acrescentou.

Administração de Fernando Pinto fez «um excelente trabalho»

Tecendo elogios à administração da TAP, liderada por Fernando Pinto, diz que «fez um excelente trabalho para quem não teve investimento e teve que se virar sozinha. Se não se põe dinheiro, a companhia não anda». E sobre a possibilidade de manter a administração (Fernando Pinto já se declarou disponível para ficar) diz que tem que ser decidida por mútuo acordo: «Para fazer amor é preciso dois».

«A primeira coisa é ver se os atuais administradores aceitam o modo de operar [da Synergy]», diz o dono da companhia aérea Avianca.

Decisão deve ser tomada antes das propostas pela ANA

Para Efromovich, seria «inteligente» o Governo anunciar a sua decisão sobre a privatização da TAP antes da entrega das propostas pela ANA Aeroportos, cujo prazo termina sexta-feira.

«Se o Governo português anunciar a decisão da Avianca, antes da entrega das propostas da ANA, vai receber mais 20 a 30% do que receberia», estima.

«O pessoal que opera aeroportos conhece a nossa capacidade de crescimento e, se a TAP crescer, são mais passageiros e, se há mais passageiros, há mais valor para a ANA e, portanto, as propostas vão ser mais agressivas», explicou o responsável.

O dono da Avianca diz que «vários concorrentes à ANA» lhe ligaram. «Queriam saber o que pretendemos fazer em termos de frota, de ampliação de destinos, de crescimento».

Os cinco consórcios candidatos à privatização da ANA são a Blink, Eama, Fraport/IFM, Vinci e Flughafen Zürich).
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