Estão a encolher os carros por causa da crise - TVI

Estão a encolher os carros por causa da crise

Fabricantes estão a apostar em carros mais pequenos, com menos consumos e preços mais competitivos

As marcas de automóveis estão a «encolher» os carros por causa da crise. O Salão Internacional Automóvel de Detroit, que decorre até 22 de Janeiro, é prova disso mesmo. As fabricantes estão apostar em carros mais pequenos, para poderem apresentar preços mais competitivos e menos consumos.

A mudança de rumo tem o objectivo de, já este ano, consolidar a recuperação da crise. É o caso da General Motors (GM), Ford e o grupo Chrysler, os chamados «três grandes» de Detroit. Coincidência ou não, estão a lançar novos modelos compactos e de tamanhos médios, um mercado dominado há anos pelos japoneses e europeus.

«O gosto dos norte-americanos europeizou-se», disse à agência espanhola EFE James Bell, responsável pelos consumidores da GM. E acrescentou que a subida dos preços dos combustíveis para níveis recorde faz com que os tradicionais carrões americanos percam protagonismo.

James Bell cita como exemplo a apresentação do Cadillac ATS, uma berlina de luxo que reduziu o seu tamanho tradicional para competir com o Serie 3 da BMW ou o classe C da Mercedes Benz.

«O grupo GM nunca prestou atenção a estes segmentos de mercado, acreditávamos que o que vingasse nos Estados Unidos, vingaria em todo o lado, mas agora estamos com novas ideias e chegámos à conclusão que um automóvel não tem de ser grande para ser divertido», cita a Lusa.

O pensamento de James Bell foi escutado em cada uma das 30 apresentações mundiais do salão de Detroit no gigantesco complex de Cobo Center.

Mercado em recuperação

O optimismo em Detroit está a espalhar-se a todos os fabricantes mundiais presentes no salão, depois de a venda de carros nos EUA ter subido 10% em 2011, atingindo os 12,8 mil milhões de dólares (10 mil milhões de euros), de se esperar uma nova subida em 2012 e de as empresas que estiveram quase na bancarrota em 2009 estarem agora a recuperar.

O presidente executivo da Ford, Alan Mulally, disse na apresentação do novo Fusion, conhecido como Mondeo fora dos Estados Unidos, que espera que o grupo possa aumentar em 12 mil novos empregos até ao final do ano e centrar a sua expansão nos mercados emergentes.

Para isso, Alan Mulally confia nos carros mais pequenos do grupo, como o Focus, um dos mais vendidos nos Estados Unidos, o Fiesta, que passará ao ataque no mercado norte-americano e o Mondeo para arrebatar a liderança aos japoneses da Toyota Camry e Honda Accord.

Outra marca a seguir a tendência foi a Dodge, do grupo Chrysler, que através da italiana Fiat, que controla a empresa desde 2009, apresentou o Dodge Dart, un modelo compacto com um design baseado na Alfa Romeo.

Reid Bigland, presidente da Dodge, reconheceu que o seu modelo Caliber não era capaz de competir em igualdade de circunstâncias com o emergente segmento dos carros encolhidos, cuja principal vantagem é consumir cerca de 5 litros por 100 quilómetros em auto-estrada.

Época de «saldos»

Outras das tendências de uma indústria bastante vulnerável à situação económica são os fortes saldos neste tipo de carros, dominado até aqui pela Chevrolet, Ford, os japoneses Toyota e Honda e os sul-coreanos Hyundai.

Como disse o presidente da Fiat, Sergio Marchionne, os preços actuais do pequeno carro da Dodge «não vai fazer muito dinheiro, mas é vital para entrar em nichos em que as marcas norte-americanas estavam ausentes».
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