Greve desconvocada, mas TAP já perdeu 9,7 milhões - TVI

Greve desconvocada, mas TAP já perdeu 9,7 milhões

Fernando Pinto, TAP

Pelas contas da companhia, mais de 46 mil reservas foram canceladas desde o pré-aviso de greve, a 21 de junho, até agora

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A greve dos pilotos da TAP foi esta quarta-feira desconvocada, na véspera do arranque do primeiro de dois períodos de paralisação (5 a 8 de julho e 1 a 5 de agosto), mas já causou danos. De acordo com a companhia aérea, mais de 46 mil reservas foram canceladas desde 21 de junho, causando um prejuízo de 9,7 milhões de euros.

«Desde o anúncio do pré-aviso de greve, em 21 de junho, até hoje, a TAP registou um prejuízo direto de 9,7 milhões de euros e 46.230 cancelamentos de reservas», lê-se no comunicado enviado às redações.

Um valor acima do reportado esta manhã por fonte oficial da transportadora que disse à Lusa que, até terça-feira, cerca de 14 mil passageiros tinham cancelado as suas viagens, implicando a devolução de 3,5 milhões de euros. No total, a perda de receitas devido aos nove dias de greve convocados pelo Sindicato dos Pilotos de Aviação Civil (SPAC) pode chegar aos 65 milhões de euros, um valor calculado com base nos 323 mil passageiros com reservas para esses períodos, adiantou a mesma fonte.

A justificar a desconvocação das greves está, de acordo com o SPAC, o «entendimento alcançado entre os pilotos e a administração da TAP, através da importante mediação do Governo, que prevê a criação de um grupo de trabalho tripartido para a resolução dos problemas que motivaram a greve».

A TAP explica ainda que «as partes (TAP e SPAC) comprometem-se a criar um Grupo de Trabalho permanente que terá em vista a resolução e criação de soluções para os conflitos laborais emergentes da interpretação e aplicação do Acordo de Empresa, bem como de todos e quaisquer outros assuntos que contendam com a paz social e clima laboral».

No comunicado, a companhia liderada por Fernando Pinto «lamenta os prejuízos e inconvenientes já causados pelo anúncio da greve e sublinha que tudo continuará a fazer para, através do diálogo, evitar maiores danos para os seus passageiros e para a economia nacional».

Os pilotos reclamavam contra o que classificaram como um «clima de intimidação» e «práticas de gestão deficitárias», nomeadamente a falta destes profissionais na companhia. «Os pilotos não estão a fazer exigências materiais, nem a greve tem qualquer relação com a privatização», garantiu hoje o sindicato.

Da última vez que os pilotos desconvocaram uma greve obtiveram, poucos meses depois, exeção aos cortes salariais aplicados ao setor empresarial do Estado.

Agências de viagens aplaudem acordo

Quem já reagiu positivamente ao cancelamento dos nove dias de greve foi a Associação Portuguesa de Agências de Viagem e Turismo (APAVT): «Estamos muito satisfeitos, é uma grande notícia, mas apesar de a APAVT não querer contribuir para alimentar antagonismos, não pode deixar cair no esquecimento os danos que a sua convocação provocou», disse à Lusa o presidente da associação, Pedro Costa Ferreira.

«Nós congratulamo-nos com a decisão dos pilotos», apesar da convocação das greves dos pilotos da TAP dar «um sinal de instabilidade ligado ao transporte aéreo».

«Esta instabilidade irá levar a que os turistas optem por destinos diferentes». Este carimbo não vai desaparecer», alertou Pedro Costa Ferreira.

Hotelaria respira de «alívio»

Também o setor da hotelaria criticava a greve, temendo os impactos num momento de profunda crise económica. Por isso, a Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) reagiu com «alívio» e «grande agrado» ao cancelamento decidido pelos pilotos.

Mas a AHP vai mais longe e quer alterar a Lei da Greve. «Não podemos ficar reféns de uma lógica passada de defesa de um direito constitucional que se sobrepõe à evolução que o mundo sofreu».
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