Petróleo mais caro beneficiou Galp em 15 milhões - TVI

Petróleo mais caro beneficiou Galp em 15 milhões

Galp

Euro mais fraco não afecta negócio porque petrolífera compra e produz em dólares. «Barreira mágica» dos 20 mil barris foi ultrapassada ontem

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Os preços do petróleo chegaram a tocar os 89 dólares no início desta semana, reflectindo melhores dados macroeconómicos. Se para os consumidores a tendência de subida verificada nos últimos meses afectou directamente a própria carteira, para a Galp aumentou o dinheiro em caixa em 15 milhões de euros. Ou seja, para os lucros efectivos de 98 milhões de euros obtidos no primeiro trimestre do ano foi decisiva a valorização do «ouro negro».



O presidente executivo da Galp Energia explicou, em conferência de imprensa, que «quando há variações há que ter em conta o efeito volume e o efeito preço. A volume constante, o efeito preço do crude beneficiou-nos 15 milhões de euros na área de produção».



O euro mais fraco também deu uma ajuda, porque a Galp apenas negoceia em dólares: «No nosso sector o efeito é positivo porque somos uma empresa dolarizada. Produzimos e compramos crude em dólares».



À Agência Financeira, Ferreira de Oliveira disse que «enquanto cidadão gostaria de ver o preço do petróleo mais baixo para não ser uma barreira impeditiva da retoma económica». Mas enquanto empresário, disse apenas que «vivemos dos clientes, não do petróleo e que se os clientes estão mal nós estamos mal».

Galp já superou «barreira mágica» dos 20 mil barris



Mal, por um lado, mas bem, pelo outro. A empresa atingiu ontem, pela primeira vez, «a barreira mágica dos 20 mil barris, o que ficará na pequena história da Galp Energia». O objectivo é maior a longo prazo: chegar aos 150 mil barris.



Até porque, dessa forma, a empresa será capaz de «produzir 50% daquilo que consumimos», o que é «relevante para a economia». Ferreira de Oliveira garante que «temos os recursos, mas o processo de conversão para produção implica muito capital e tempo. É uma maratona. Não uma corrida de 100 metros».



«Grande projecto é o Tupi»



Nos primeiros três meses deste ano a produção média foi de 18,5 mil barris por dia. Os investimentos no Brasil, em Tupi e em Angola (Tombua-Lândana) foram decisivos para os resultados, tendo em conta que no mesmo período de 2009 a média foi de 13,3 mil barris.



O Brasil concentra mesmo grande parte dos investimentos. O «grande projecto é o Tupi» e só para lá foram destinados «50 milhões de euros». Está em construção um gasoduto que «deverá estar pronto em Junho» e vai arrancar no «último trimestre do ano».

Melhor desempenho teve também o mercado de gás natural em Portugal. Cresceu 5% «o que representa um terço do que a Galp vende em petróleo», explicou Ferreira de Oliveira.

Galp exportou 540 milhões de euros no primeiro trimestre



O receio da debilidade económica da Península Ibérica não parece atraiçoar o optimismo do presidente da Galp. «O nosso negócio mede-se em décadas. Não podemos alterar o caminho só porque há um vendaval. Podemos é ajustar» algumas estratégias. Ferreira de Oliveira preferiu antes frisar que «exportámos 1.200 milhões de euros no ano passado. E só neste trimestre exportámos 540 milhões de euros, um relevante valor acrescentado para o PIB».



Tudo com a consciência de que «vivemos nos dois últimos anos retracção do consumo». E que o negócio da refinação, no primeiro trimestre de 2009, ficou «aquém do necessário para permitir recuperar o capital investido».



O responsável chegou mesmo a dizer que apesar de a margem de referência da refinação ser melhor em termos homólogos «não vale a pena investir um centavo na refinação. As margens [de 1,44 dólares por barril no primeiro trimestre] são transitórias nesta altura de recessão em que vivemos». No mesmo período do ano passado, a média das margens era de 3,01 dólares por barril.



Por isso, afirma, «estamos a viver valores insustentáveis. À medida que aumenta a procura as margens têm de chegar a alguma normalidade». Só que «quando a economia estagna, o consumo vai com ela».
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