Presidente do BCP minimiza exposição à dívida grega - TVI

Presidente do BCP minimiza exposição à dívida grega

Carlos Santos Ferreira, BCP

Em termos técnicos, 700 milhões acabam por ser uma ninharia, já que representam apenas 1% dos activos da instituição

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A agitação é crescente quanto à sobrevivência da Grécia à crise que está a atravessar. Os cenários de incumprimento vão emergindo e os bancos portugueses investiram em dívida grega. Será que podem vir a não ser reembolsados? O caso do Banco Comercial Português, por exemplo, foi explicado pelo próprio presidente da entidade, Carlos Santos Ferreira, à TVI: o banco tem 700 milhões de euros expostos à Grécia, mas isso corresponde a apenas 1% dos activos do banco. Ou seja, em termos técnicos.

«Para quem nos ouve, 700 milhões é muito dinheiro, mas no nosso caso é menos de 1% dos nossos activos», disse Carlos Santos Ferreira.

Certo é que «o mal dos outros nunca nos deve alegrar». A Grécia está a atravessar uma fase difícil, o BCP tem lá um banco «pequeno, com 2% de quota de mercado» e os bancos portugueses têm uma exposição considerável, sendo que a do BCP «não é a maior entre as entidades portuguesas» e «estes 700 milhões só deixam de valer se no momento do reembolso não forem reembolsados».

BCE está em pior posição

Mais: «Apesar de isto ferir orgulho nacional, o problema na Grécia não se reflectirá automaticamente em Portugal». É o BCE que tem mais biliões de dívida grega. «Se houvesse um não pagamento da dívida, tecnicamente o BCE falia. E aí todos os países da europa teriam de pôr dinheiro».

E «antes de a onda chegar a Portugal estão bancos alemães», os mais expostos à dívida helénica. A Alemanha tem-se mostrado, de resto, muito interessada em ajudar a Grécia, mas Santos Ferreira tem «várias dúvidas de que a chanceler continue naquela senda que tem tomado».

«Sejamos claros», diz Santos Ferreira. «Os bancos franceses têm 40 biliões de dívida grega. Se há um problema na Grécia é um problema também do BCE, da Alemanha, da França». Primeiro do que de Portugal.

Onde é que a crise grega vai parar?



«A Grécia parece estar de vez em quando à beira de uma ruptura ao euro», disse desta feita o professor Marcelo Rebelo de Sousa, no seu espaço de comentário no jornal das 8, para depois perguntar a Santos Ferreira: «O que explica esta crise contínua e onde é que ela vai parar?»

O presidente do BCP respondeu: «A explicação é sempre difícil, mas desde 2010, quando houve o bailout, já no ano anterior o orçamento grego era a crónica de uma morte anunciada. O défice comoeço com 2%, a meio 3,9% e fechou nos 14%».

A euforia com a adesão ao euro reflectiu-se no «excesso de consumo e no dinheiro fácil» que iniciaram a espiral de crise.

«Recentemente, no último ano, a Grécia cumpriu do lado da despesa, conseguiu alcançar o objectivo, mas não cumpriu do lado da receita. A máquina tributária não correspondeu» e o problema agora está aí, na opinião do presidente do BCP.

«Sei que do lado da receita não correspondeu e as privatizações não se verificaram. Isto levou a situação em que estamos, à beira da ruptura».

E a questão é que isso não se pode verificar, porque assim «viveremos uma situação de cadeia, de dominó, que será catastrófica e não é para a Grécia. É para o euro e para a Europa».
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