Ricardo Salgado: «Não se pode dizer que o pior da crise já passou» - TVI

Ricardo Salgado: «Não se pode dizer que o pior da crise já passou»

Ricardo Salgado

Presidente do BES acredita que programas dos Estados são suficientes para ultrapassar crise de dívida soberana

O pior da crise pode ainda não ter passado. O aviso é do presidente do BES, Ricardo Salgado.

Questionado se o pico da crise estava ultrapassado, o banqueiro afirmou, em entrevista ao espanhol «El Economista», que «não se pode dizer isso. Não estamos a conseguir superar esta crise porque a Europa não se consegue coordenar. As medidas adoptadas até agora não surtem os efeitos esperados, por isso não podemos ser optimistas. O problema europeu precisa de uma solução urgente. Por isso, infelizmente, não podemos dizer que o pior da crise já passou».

No entanto, Ricardo Salgado também vê desenvolvimentos positivos: a economia a recuperar, uma conjuntura internacional mais favorável.

No que se refere à crise da dívida soberana, o banqueiro acredita que «vai resolver-se com os programas que os Estados colocaram em marcha para reduzir o défice».

Portugal tem como meta, para o final deste ano, um défice de 4,6%, depois dos 7,3% traçados como objectivo para 2010 e que, segundo o Governo, foi atingido e até superado.

«Estamos no caminho certo para alcançar o nosso objectivo de défice», considerou o presidente do BES, acrescentando que «para isso, o Governo português tomou uma série de medidas complementares que devem permitir chegar a esse valor. Um representante do Fundo Monetário Internacional escrevia um artigo na imprensa portuguesa, onde dizia que as medidas são acertadas e que vão em linha com as que estão a ser adoptadas por outros países à nossa volta. Agora só nos resta ter atenção e paciência para ver como se desenvolve a execução do programa de controlo do défice público».

Sobre uma eventual intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Portugal, Ricardo Salgado lembra que «o dinheiro nos mercados está muito caro, desde a intervenção na Grécia, os depósitos caem, na Irlanda caem muito mais e em Portugal continuam a subir. O FMI e a Comissão Europeia teriam de analisar estes dados», sublinha.

No que se refere à vizinha Espanha, para muitos a próxima vítima dos mercados depois de Portugal, o presidente do BES diz que as medidas tomadas «também foram muito ambiciosas e duras. O problema mais complicado para Espanha é o das caixas de aforro, que Portugal não tem. Mas vejo que há uma grande determinação em favorecer as fusões destas entidades e a sua recapitalização», disse.
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