Rohde: trabalhadores aprovam encerramento da empresa - TVI

Rohde: trabalhadores aprovam encerramento da empresa

Rohde

866 credores votaram contra o plano de viabilização

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Na assembleia de credores, compareceram 921 dos cerca de 980 operários da empresa, sendo que 866 votaram contra o plano de viabilização apresentado pela insolvente, assim determinando o encerramento da fábrica, escreve a Lusa.

Recordando que «os trabalhadores já estão a cumprir as regras do subsídio de desemprego desde Dezembro», quando viram os seus contratos de trabalho suspensos, a dirigente sindical afirma que uma das razões para a deceção dos operários da Rohde é o facto de a administração da empresa ter recuado quanto ao seu primeiro plano de viabilização, que propunha a manutenção de cerca de 450 empregos.

Quanto à possibilidade de ser criada uma nova empresa, que funcionaria gratuitamente nas atuais instalações da fábrica e empregaria pelo menos 150 dos seus funcionários, Fernanda Moreira observa: «A administração podia apresentar essa proposta, mas não tinha que ser neste contexto [da liquidação do património da empresa], porque as pessoas querem é ver esta questão resolvida.

Essa responsável receia que a referida proposta viesse atrasar ainda mais o processo, já que, como observa em relação aos atuais administradores da Rohde, «ninguém os impede de constituírem uma nova empresa e não faltam por aí pavilhões industriais para alugar, se eles realmente o quiserem fazer».

Olga Pedrosa, uma das trabalhadoras mais interventiva em todo o processo, foi aplaudida pela generalidade da assembleia quando afirmou: «Não concordámos com [a proposta de emprego para] as 150 pessoas. Para isso, preferimos o encerramento. Deviam ser [poupados] pelo menos 500 trabalhadores».

Camilo Couto, que trabalhava na Rohde há 19 anos, admite que também desconfiou da proposta que hoje estava sobre a mesa. «Já fui enganado uma vez, quando disseram que ficavam com 450 trabalhadores e depois os reduziram para 150», declara. «Votei contra o plano porque isto, para mim, é um golpe».

Fernanda Moreira diz ainda que os trabalhadores de certos departamentos da Rohde terão mais hipóteses que outros na procura de um novo emprego, mas ainda assim garante: «O setor não tem capacidade para absorver tanto pessoal. Poderá ficar com algumas pessoas, mas o que se verifica é que as empresas só recorrem à contratação quando têm uma encomenda grande que não estava prevista. Depois, os trabalhadores regressam ao desemprego».

Entre os 921 operários que hoje votaram o encerramento da Rohde, 51 manifestaram-se a favor do plano de viabilização e quatro abstiveram-se. Declarada a cessação da atual administração da empresa, o tribunal ordenou que se proceda de imediato à apreensão dos bens da insolvente e, em seguida, à liquidação e partilha dos mesmos.
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