Ulrich: plano da troika para a banca deve ser revisto - TVI

Ulrich: plano da troika para a banca deve ser revisto

Banqueiro diz que plano não tem aderência à realidade nacional

Relacionados
O plano da troika para a banca nacional «não faz sentido» e «deve ser revisto», defendeu esta segunda-feira o presidente do BPI, Fernando Ulrich, que classificou o programa como tendo sido definido «à irlandesa» e sem aderência à realidade nacional.

O banqueiro, que falava no IX Fórum Banca & Mercado de Capitais promovido pelo «Diário Económico», defendeu que o plano delineado pelas três entidades «para o conjunto do país e para o sector público é bom», mas «o plano da troika para o sector financeiro não tem sentido, portanto é conveniente e urgente que aproveitemos esta época mais calma do Verão para repensarmos o programa para o sector financeiro», disse, citado pela Reuters.

«O que é que estas regras de capital têm a ver com os problemas e as necessidades da economia portuguesa neste momento?», questionou, acrescentando a resposta: «Na minha opinião, nada, e são negativos para a economia portuguesa. Isto para mim é um confisco aos accionistas dos bancos».

Ulrich criticou as crescentes exigências em termos de rácios de capital. «Tínhamos um core capital de 7% e aqui há uns anos era de 4%. No princípio do ano, era de 8%, agora já é 9% (para o final do ano) e 10% (para o final de 2012. Claro que há-de faltar capital. E se disserem que é 20% ainda falta mais».

Em conclusão, para o presidente do BPI, o actual plano da troika «é completamente incompatível com aquilo que a Europa decidiu há uma semana. Não podemos estar reféns dos mercados porque os mercados são, por definição, gananciosos».

BPI não quer voltar ao mercado tão cedo

Apesar de os supervisores estarem a preparar o sistema bancário para o regresso ao mercado de capitais, o BPI não deverá voltar tão cedo, mesmo que seja possível.

«Enquanto eu me lembrar do mercado de capitais, tão cedo eu é que não quero voltar», disse Ulrich, numa reacção às medidas exigidas pelos reguladores para que os bancos voltem a ter a confiança dos mercados de capitais.

«Como confiávamos na estabilidade do mercado e em determinados pressupostos, gerimos o banco de determinada maneira e de repente o mercado desaparece», afirmou o presidente do BPI, acrescentando que o que se passou implica a «transformação do modelo» dos bancos.

Estado tem de pagar o que deve

Ulrich fez ainda coro com os restantes banqueiros presentes no encontro ao defender que o Estado devia pagar o que deve à banca.

O presidente do BPI sugeriu que o Estado canalizasse os 12 mil milhões do fundo de capitalização dos bancos para o sector público, de modo a este ter liquidez para pagar as dívidas aos bancos.

«Não devia haver linha de capitalização nenhuma e esse fundo deveria passar para o sector público para que esse pague aos bancos», afirmou.

Ulrich acusou ainda o Estado de ter um discurso dúbio: por um lado o regulador (Banco de Portugal) pede a desalavancagem dos bancos, por outro, «outras entidades públicas pedem moratórias».
Continue a ler esta notícia

Relacionados