OE2011: muitas empresas vão encerrar ou suspender investimentos - TVI

OE2011: muitas empresas vão encerrar ou suspender investimentos

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Ser empresário é como andar de bicicleta: «uma pessoa tem que continuar a pedalar, porque se pára cai»

O presidente da Associação Empresarial da Região de Viseu (AIRV), João Cotta, mostrou-se esta segunda-feira convicto de que muitas empresas vão encerrar devido ao Orçamento de Estado (OE) para 2011 e as restantes vão suspender os seus investimentos.

«É uma altura muito pouco animadora para as empresas», lamentou João Cotta à agência Lusa, ao comentar as «repercussões negativas» do OE, documento que considera levar «à redução do consumo, do investimento e das exportações», sendo por isso «difícil escapar a uma situação de depressão económica».

O empresário disse não ter dúvidas de que vão fechar as empresas «que não estiverem sólidas, que tiverem um endividamento muito elevado e que não se tenham preparado já para a redução das vendas que vão ter no próximo ano».

«Penso que o desemprego vai aumentar mais do que o que prevê o Orçamento», frisou.

Das que se mantiverem abertas, considera que a grande maioria vai suspender os investimentos, porque «vai ser uma altura de grande incerteza, ninguém sabe o que se vai passar em termos de vendas».

99% querem reduzir custos

Segundo João Cotta, «99,9% dos empresários neste momento estão a querer reduzir custos, a querer reduzir o risco, porque também o custo do financiamento deve aumentar bastante».

No entanto, lembrou que «ser empresário é como andar de bicicleta: uma pessoa tem que continuar a pedalar, porque se pára cai».

«É um pedalar apenas para se aguentarem em cima da bicicleta, porque não podem parar. Têm que dosear muito o esforço, porque vêm aí muitas montanhas e caminhos difíceis», sublinhou.

Olhando para a realidade da região de Viseu, o empresário prevê que «o comércio vai ser fortemente afeitado», enquanto «o sector alimentar será o menos afectado, porque as pessoas têm que continuar a comer».

«Como haverá menos rendimento disponível por parte das famílias, quer pelos impostos directos, quer pelos indirectos, havendo a redução do consumo, tudo o que seja serviços e bens não essenciais vai ser afectado. Vai haver uma grande retracção nas vendas, porque as pessoas vão-se restringir àquilo que é essencial», acrescentou.

No entanto, admitiu que, apesar de este ser «um mau Orçamento, infelizmente vai ter de ser aprovado, porque do ponto de vista externo e de financiamento do país era uma catástrofe» se não o fosse.
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