O Governo e o consórcio Gateway, dos empresários David Neeleman e Humberto Pedrosa, assinaram esta quarta-feira o contrato de compra e venda de 61% do grupo TAP.
Por seu turno, a Comissão Europeia confirmou esta quarta-feira à Lusa que está a analisar uma queixa que recebeu sobre a venda de participação da TAP, no dia em que foi assinado o contrato de venda de 61% da companhia aérea ao consórcio Gateway.
Consórcio Gateway e possível Governo socialista
"Mesmo que venha um novo Governo, tenho a certeza de que vai aprovar o nosso projeto", disse o empresário português Humberto Pedrosa, do grupo Barraqueiro, em conferência de imprensa, depois de ter sido hoje assinado o contrato de venda de 61% do capital social da TAP ao consórcio Gateway, que integra também o empresário norte-americano e brasileiro David Neeleman.
O consórcio foi questionado sobre a eventualidade de uma reversão do negócio, depois de o Partido Socialista ter insistido este mês no facto de o contrato de venda não incluir uma cláusula de anti-reversão contratual, chegando a avisar que desencadearia todos os mecanismos para requerer a ilegalidade do contrato entre o Estado e o agrupamento Gateway, caso o mesmo incluísse essa possibilidade.
"Se amanhã houver um novo Governo, seja que governo for, e se a TAP já estiver numa situação melhor do que a que está hoje, com certeza que o Governo acha que foi boa opção e que deve continuar nas mãos de privados", reforçou Humberto Pedrosa.
O empresário sublinhou que o consórcio vai apostar na qualidade, segurança e sucesso da transportadora e fazer da TAP "uma grande companhia europeia".
David Neeleman reconheceu que "é claro, que o negócio pode ser travado", mas sublinhou que o plano para a transportadora "é muito bom" e vai acabar por colher apoio junto dos diferentes quadrantes.
"As eleições têm dois partidos, pensei muito sobre isso, os políticos vêm e saem, vêm e saem, mas há um povo português que vai ficar, a TAP vai ficar, claro que vamos trabalhar com todos os governos, tenho a certeza quando o nosso plano estiver implementado" e as pessoas tiverem informação "todo o mundo vai achar que esse é o melhor caminho para a TAP", afirmou.
Além disso, frisou que "não se pode continuar uma empresa sem investimento", contando que "não foi fácil conseguir esse dinheiro".
"Sem dinheiro a TAP não vai para a frente. O nosso plano é muito bom e os sindicatos vão gostar bastante", segundo cita a Lusa.
O empresário Humberto Pedrosa frisou que, "apesar de a responsabilidade ser muito grande", apostou na TAP porque encontrou um sócio que conhece "muito bem" a atividade.
O plano estratégico para a TAP passa mais pelo crescimento da receita, do que pelo corte nos custos, acrescentou Neeleman.
Novos donos da TAP assumem 100% da dívida
David Neeleman garantiu que vai assumir 100% da dívida da transportadora e assumiu que quer voltar aos lucros já no próximo ano.
“Este ano vai ser difícil para ganhar lucro, mas no ano que vem, quando implementarmos a mudança, pretendemos ganhar lucro”, disse David Neeleman numa conferência de imprensa em Lisboa, onde foi apresentado o plano estratégico do consórcio para a TAP.
O empresário assumiu também que vai ficar com “100% da dívida da TAP”, afirmando que está a trabalhar em conjunto com os bancos.
“Fui falar com todos os bancos pessoalmente e todos acham que a privatização é a melhor coisa”, sublinhou.
O presidente da TAP, Fernando Pinto, lamenta que a empresa não tenha tido acesso a capital nos últimos 15 anos e frisou que essa é precisamente “a grande vantagem” da entrada do consórcio Gateway na transportadora aérea.
O Futuro da Portugália
O consórcio que venceu a compra da TAP deixou em aberto qual será o futuro da Portugália, afirmando que ainda não tomou uma decisão, reconhecendo apenas que a frota "é velha" e tem de ser substituída.
David Neeleman afirmou: "Temos várias opções, mas não decidimos o que fazer ainda, temos de ter uma frota nova, sabemos isso, temos de ver os custos, se é melhor ficarmos separados ou juntos".