Moreira Rato admitiu essa «conversa» com Maria Luís Albuquerque, só depois da insistência da deputada do PS Ana Paula Vitorino, na pergunta. E explicou que o propósito foi indagar o Governo sobre que segurança poderia o Estado dar, caso o novo aumento de capital, que estava a ser estudado, falhasse.«Não participei em nenhuma reunião com o Presidente da República, nem com o primeiro-ministro, nem com Carlos Moedas». «Falar com a ministra das Finanças era o que fazia sentido dado o teor da conversa»
«A possibilidade de o Governo clarificar a disponibilidade de haver um backstop do Estado no caso do aumento capital privado não estar disponível».
Confirmou, por isso, a versão de Vítor Bento que, na sua audição, confessou que colocou em cima da mesa a possibilidade da capitalização pública para o BES, bem como um «financiamento provisório» que a ministra das Finanças também pôs de parte.
A resolução que veio a ser decidida pelo Banco de Portugal é que não estava, de todo, no horizonte da administração. O ex-CFO só entrou para o BES em julho, precisamente a convite de Vítor Bento, e depois de ter sido, igualmente, sondado pelo Governador do Banco de Portugal.
Segundo o ex-líder do banco, Ricardo Salgado, que enviou uma carta aos deputados da comissão de inquérito , os contactos com responsáveis políticos vinham sendo mantidos, pelo menos, desde março de 2014, quatro meses antes do colapso. Um deles foi o chefe de Estado. Outra revelação, foi o encontro com o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas.
Na sequência dessas revelações, os deputados da oposição quiseram chamar Cavaco Silva ao Parlamento, mas o depoimento por escrito foi chumbado pela maioria PSD/CDS-PP . Já o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, vai responder por escrito às perguntas dos deputados. E Paulo Portas também se mostrou disponível para ser ouvido.