Desemprego dispara para novo máximo de 12,4% - TVI

Desemprego dispara para novo máximo de 12,4%

Taxa sofre agravamento de 1,8% em apenas um ano

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A taxa de desemprego em Portugal disparou para um novo recorde no primeiro trimestre deste ano. Está agora fixada nos 12,4%, segundo os dados divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). O valor indica, para Passos Coelho, «uma tragédia». PCP, CDS e Bloco reagem no mesmo sentido. Sócrates diz que resulta da crise e dos novos métodos do INE.

Novas contas «apanham» mais 55.600 desempregados

Para se ter uma ideia da escalada, no mesmo período de 2010, o desemprego estava nos 10,6%, pelo que estamos perante um agravamento de 1,8% no espaço de apenas um ano.

E, em comparação com o trimestre anterior, a subida é de 1,3%, altura em que a taxa estava nos 11,1%.

O INE diz que, «em parte», este aumento «reflectirá o efeito de alterações introduzidas no modo de recolha e a modificações no questionário do inquérito ao emprego». Se não fosse assim, a taxa teria subido para os 11,4%, com uma «população empregada de 4,945 milhões de indivíduos e população desempregada de 633,3 mil». Mas as novas contas encontram mais 55.600 pessoas sem trabalho ( total é de 688,9 mil).

Estado de «paralisia decisória»

«É a taxa mais alta desde o início dos anos 80 e a mais alta desta séria que começou em 1998. O aumento do desemprego vinha a ocorrer a um ritmo cada vez mais baixo» mas, agora «voltou a acelerar», sublinhou a economista do banco BPI, Paula Carvalho, cuja previsões estavam abaixo dos valores hoje conhecidos.

«Isto denota a forte quebra da actividade que Portugal registou desde finais de 2010 e a degradação dos índices de confiança, nomeadamente dos empresários». A economista admite, citada pela Reuters, que «possivelmente terá de haver uma revisão em alta dos níveis de desemprego».

Há «falta de confiança». «Este é um número que fala por si, ou seja, até os agentes económicos, que é como quem diz os empregadores, terem uma ideia mais clara do que será o cenário pós-eleições, não voltarão a contratar, nem a tomar decisões de longo prazo». «Os empresários estão numa espécie de paralisia decisória».

Austeridade da troika ainda nem chegou. Como vai ser?

Um valor de desemprego como o que temos agora é um mau sinal. «É uma deterioração bastante grande. Se no pacote de resgate negociado com a troika tinha sido incorporada uma taxa de desemprego de 13% em 2012 e se, no primeiro trimestre de 2011, essa taxa já atingiu os 12,4% sem a implementação das medidas de austeridade negociadas, é um mau indicador», realça Rui Bárbara, gestor de activos do banco Carregosa, para quem as medidas «contraccionistas» e o agravamento de impostos poderão colocar a taxa de desemprego, «a prazo», nos 15%.

«Uma das medidas expectáveis para contrabalançar» estes números «é a descida da Taxa Social Única. A outra seria um corte nos salários, mas isso é proibido».

Recessão penaliza

Portugal entrou na segunda recessão técnica em dois anos precisamente no período em análise, entre Janeiro e Março. O Produto Interno Bruto sofreu uma contracção de 0,7% face ao último trimestre de 2010, tendo por base a estimativa rápida do INE. Clima económico, actividade económica e consumo privado também pioraram.

Os analistas já esperavam que Portugal entrasse agora em recessão, na sequência das medidas de austeridade que o país tem posto em prática para equilibrar as contas públicas e também por causa das crescentes dificuldades de financiamento. Uma situação que deverá ser agravada pelas contrapartidas do empréstimo de 78 mil milhões de euros que o país vai receber da União Europeia e do FMI. Vem aí mais austeridade e mais desemprego.
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