Em entrevista à TVI, o ex-governante sublinhou que a sua preocupação era a de convencer o primeiro-ministro de que Portugal necessitava mesmo de uma intervenção externa:
Apesar do responsável estar convencido que José Sócrates já tinha percebido que o país não podia evitar um pedido de ajuda financeira, Teixeira dos Santos considera que o ex-primeiro-ministro acreditava que Portugal ainda conseguiria manter-se algum tempo a financiar-se nos mercados, até às eleições, altura em que o novo governo poderia decidir qual o rumo a tomar.«Tornei muito claro ao primeiro-ministro que teríamos de o fazer [pedido de resgate] e que esse pedido era algo que me parecia «fatal como o destino».
«Tornou-se claro que se o país não tomasse a iniciativa do pedido de ajuda ela acabaria por nos ser imposta pelos nossos parceiros, creio que seria ainda mais vexante para o país», sublinhou.
Teixeira dos Santos defende que o famoso PEC IV (Pacto de Estabilidade e Crescimento) que foi chumbado no parlamento mais não era que um programa cautelar, de reformas, de correção orçamental que poderia restaurar a confiança dos mercados.
Mas acrescenta que a sua preocupação, nomeadamente depois de uma reunião com o setor financeiro, agudizou-se, tendo assumido um compromisso: «Comigo não há default».
Depois desta reunião, seguiu-se um telefonema, durante o qual Sócrates pediu 24 horas a Teixeira dos Santos, mas a renitência mantinha-se:
«À hora de almoço falei com ele. Não podia manter-se em silêncio, porque estaria a ser de alguma forma conivente com uma inércia que podia ser muito prejudicial».
Depois, foi o que se leu, viu e ouviu. Teixeira dos Santos revelou, em entrevista ao Jornal de Negócios, que Portugal precisaria de um resgate financeiro. Nessa noite chegou o anúncio oficial do primeiro-ministro.