Portugal tem 800 milhões de euros de défice tarifário na luz

O dado, revelado pelo presidente da Associação Portuguesa de Empresas do Sector Energético (Elecpor), António Pita de Abreu, é a principal conclusão feita sobre o mercado de electricidade nos últimos cinco anos.

«As tarifas reguladas dos consumidores domésticos tiveram um crescimento nulo, a preços constantes nos últimos cinco anos, apesar do aumento de custo das energias primárias e da acumulação de um défice tarifário da ordem dos oito mil milhões de euros em Espanha e de cerca de 800 milhões em Portugal», sublinhou António Pita de Abreu na sessão de abertura do encontro «Mercado Ibérico de Electricidade-Os Próximos 5 Anos», que a associação promoveu esta segunda-feira, em Lisboa.

Ao analisar o estado do sector, o presidente da Elecpor disse ainda que «o carácter imprevisível da produção renovável e dos níveis de consumo de electricidade, bem como a sua não armazenabilidade, podem sustentar a liquidez dos mercados de curto prazo». Contudo, «a contratação bilateral consegue dar uma maior flexibilidade contratual», referiu o responsável.

Segundo a posição oficial da Elecpor, o modelo de consumo energético europeu é «insustentável a longo prazo». Este cenário deve-se «não só pela persistência do elevado consumo de petróleo nos transportes como pelo aumento da procura de gás para produção de electricidade e para consumo final, a par do declínio da produção europeia de energia».

Citando um estudo da associação europeia Eurelectric, a associação nacional diz ainda que 25 por cento da energia em 2030 será eléctrica e que «a incerteza do investimento enfraquece Europa».