O antigo ministro das Obras Públicas Jorge Coelho lamentou quarta-feira que a culpa tenha «morrido solteira» no caso da queda da ponte de Entre-os-Rios, depois de o tribunal ter ilibado os únicos arguidos.
O Tribunal de Castelo de Paiva absolveu na passada sexta-feira os seis engenheiros acusados pelo Ministério Público de não terem feito o que estaria o seu alcance para evitar o colapso da ponte de Entre-os-Rios, em 5 de Março de 20 01. Com esta decisão, ninguém ficou responsabilizado criminalmente pelo maior acidente rodoviário de Portugal em número de mortos.
No programa televisivo «Quadratura do Círculo», da SIC, Jorge Coelho, ministro das Obras Públicas aquando do acidente, lembrou que se demitiu do cargo horas depois do desastre, assumindo as suas responsabilidades políticas.
«Estou a verificar que, ao contrário do que desejei e de que dei exemplo na madrugada de 5 de Março de 2001, em que, horas depois do trágico desastre na ponte de Entre-os-Rios, assumindo responsabilidades políticas, me demiti do cargo de ministro com a tutela das Obras Públicas, a culpa vai morrer solteira», disse.
Para Jorge Coelho «não é possível que 59 pessoas tenham morrido a atravessar um equipamento cuja manutenção é da responsabilidade do Estado e, feita a investigação, ninguém seja responsabilizado». O antigo ministro disse recear que a «desresponsabilização» se torne um a «normalidade» em Portugal.
Atribuindo responsabilidades «ao modelo de funcionamento do Estado» por não se ter atribuído culpas, Jorge Coelho declarar esperar que o país tenha aprendido a lição e que esteja a ser feita a manutenção de obras públicas.
Coelho lamenta que culpa vá «morrer solteira»
- Portugal Diário
- 26 out 2006, 09:07
Entre-os-Rios: «Não é possível que 59 pessoas tenham morrido e ninguém seja culpado», disse
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