Um em cada dez alunos sofre de anorexia ou bulimia - TVI

Um em cada dez alunos sofre de anorexia ou bulimia

  • Portugal Diário
  • 19 set 2007, 14:40

Estudo efectuado em quatro escolas do Porto abrange jovens do secundário

Um em cada dez alunos do secundário apresenta sintomas significativos de sofrer perturbações do comportamento alimentar, como anorexia e bulimia nervosas, segundo um estudo epidemiológico realizado em quatro escolas do Porto, noticia a Lusa.

De acordo com os resultados preliminares deste estudo, que será apresentado quinta-feira no Congresso Europeu de Distúrbios Alimentares, a decorrer no Edifício da Alfândega, no Porto, «9,6 por cento dos alunos inquiridos apresentaram sintomas significativos de sofrerem perturbações do comportamento alimentar», disse hoje à Lusa Joana Saraiva, do departamento de Pedopsiquiatria do Hospital Maria Pia, na mesma cidade, responsável pela elaboração deste estudo.

Trata-se de uma franja de população estudantil que «pode correr o risco de desenvolver» uma doença relacionada com distúrbios do comportamento alimentar, «mas é preciso fazer uma avaliação do caso, em consulta, para provar o diagnóstico», salientou Joana Saraiva.

Destes 9,6 por cento de alunos dos 10º, 11º e 12º anos de escolaridade com sintomas de sofrer de perturbações do comportamento alimentar, 85 por cento são raparigas.

«Os alunos que têm um maior grau de satisfação com o seu corpo, com a sua auto-imagem corporal, não terão probabilidades de desenvolver» este tipo de doenças, indicou a responsável, acrescentando que a insatisfação com o próprio corpo «é mais prevalente nas raparigas».

De entre os alunos com maior insatisfação com o seu corpo, 83 por cento são raparigas, sustentou Joana Saraiva. Segundo referiu, a convivência saudável entre jovens, em família e entre pares diminui em grande medida a apresentação de sintomas de distúrbios do comportamento alimentar.

Dos jovens inquiridos, 87 por cento têm um alto grau de satisfação com as relações familiares, 90 por cento têm um alto grau de satisfação com a relação com os pares e 84 por cento têm um alto grau de satisfação com a sua personalidade.

Para a responsável, este estudo demonstra como é necessário apostar na prevenção deste tipo de doença. Apostar num «desenvolvimento harmonioso, na realização de refeições em família e na prática de actividades desportivas», disse, são alguns hábitos que podem evitar este tipo de distúrbio. Desvalorizar a importância da obrigatoriedade de se ter um corpo perfeito é ainda fundamental.

O estudo foi realizado em 2004, tendo sido inquiridos 688 alunos (57 por cento dos quais raparigas), de quatro escolas do Porto, com idades entre os 15 e os 20 anos.

A responsável adiantou ainda que, de acordo com estes resultados, pode-se concluir que o número de estudantes portugueses que pode sofrer de perturbações do comportamento alimentar «é semelhante aos números registados no resto da Europa e nos Estados Unidos».
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