«Vem aí o desespero, o desnorte e a miséria» - TVI

«Vem aí o desespero, o desnorte e a miséria»

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Virgílio Arderius, pároco na Guarda e testemunho próximo dos efeitos da crise na vida dos mais prejudicados, diz que pior ainda está para chegar

Para Virgílio Arderius, pároco na Aldeia do Bispo e líder de instituições de apoio social no distrito da Guarda, o pior da crise ainda não chegou para os mais desfavorecidos.

Em entrevista ao JN, o pároco considerou que o auge da crise económica só vai ser sentido quando o Estado cortar «alguns apoios que ainda vão amparando algumas famílias».

«Há pessoas que não têm que comer! Mas há muitos que vão pelo mesmo caminho», exclamou o pároco, preocupado com os efeitos da crise no quotidiano dos mais pobres, que começam a «antever esse cenário e estão já a viver dramas de incerteza».

A antecipação dos efeitos da crise leva, na opinião de Virgílio Arderius, também presidente do Centro de Formação, Assistência e Desenvolvimento (CFAD), a que os afectados «atravessem traumas psicológicos e a revelarem-se agressivos com a família». Fenómeno que relaciona com o aumento de procura de apoio no Núcleo de Apoio a Vítimas de Violência do CFAD, «procura que é proporcional ao crescimento da crise económica por que passa o nosso país». «Não há um único dia que não batam à porta do CFAD a pedir comida, dinheiro, emprego, ajuda», acrescenta.

Também na qualidade de líder, desta vez das Instituições Privadas de Solidariedade Social do distrito da Guarda, refere que muitas IPSS com muitos meses de mensalidade por cobrar, uma vez os «utentes simplesmente deixaram de poder pagar». Esta situação vai levar à falência muitas destas instituições, alerta, em localidades onde os IPSS «são, a seguir às câmaras municipais, o maior empregador, o que é mais um motivo para o Estado abrir os olhos»

É da responsabilidade do «Estado devia encontrar soluções para esta tragédia social que está a tomar proporções dramáticas», acrescentou.
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