Bush apresenta programa do segundo mandato - TVI

Bush apresenta programa do segundo mandato

Bush saúda povo iraquiano

O presidente norte-americano, George W. Bush, apresentará terça-feira no Congresso as grandes linhas do seu segundo mandato, no discurso anual sobre o estado da União.

Cumprindo um dos rituais da política norte-americana, o presidente falará perante as duas câmaras do Congresso, num discurso transmitido por todas as estações de televisão, em que deverá abordar as suas estratégias a nível interno e externo para os próximos quatro anos de forma mais pormenorizada do que no seu discurso de tomada de posse, a 20 de Janeiro último.

Bush indicou já que a guerra no Iraque continuará a estar no centro das atenções do seu governo.

«Vou lembrar ao país que ainda estamos em guerra», disse o presidente, num encontro realizado na semana passada com legisladores do Partido Republicano, acrescentando também que irá repetir mais uma vez que acredita que «o meio para derrotar o ódio e o terrorismo é alastrar a liberdade».

Não se espera que Bush anuncie qualquer mudança drástica à política seguida no Iraque.

Diplomatas e analistas consideram que, a nível de política externa, as atenções estarão viradas para a forma como o presidente abordará a questão dos programas nucleares da Coreia do Norte e do Irão, os dois países que, juntamente com o Iraque de Saddam Hussein, Bush descreveu como fazendo parte do «eixo do mal».

A nível interno, os planos do presidente Bush para reformar o programa nacional de pensões (Segurança Social), o sistema fiscal e a questão do crescente défice orçamental deverão dominar o seu programa de governo.

A administração Bush afirma que é preciso rever de imediato o programa de Segurança Social para impedir que entre na bancarrota nos próximos anos, mas há uma oposição crescente, mesmo dentro do Partido Republicano, às suas propostas de criação de contas individuais de investimento controladas pelos próprios cidadãos.

Analistas fazem notar que neste segundo mandato os congressistas republicanos terão um maior incentivo para reafirmar a sua independência, porque este é o ultimo mandato de Bush e o vice- presidente, Dick Cheney, não tem a intenção de se candidatar à presidência.

Muitos congressistas republicanos sentem, assim, que não têm de apoiar iniciativas de Bush contra a sua vontade, principalmente se elas não contam com o apoio do seu eleitorado.

«Há agora um sentimento mais generalizado no Congresso de que é nossa responsabilidade reafirmar as prerrogativas do Congresso», declarou o congressista republicano Tom Feeney, da Florida, um Estado onde vivem muitos aposentados e onde os projectos de reforma do sistema de Segurança Social não têm grande apoio.

Outro congressista da Florida, Bill Nelson, afirmou que o presidente «deve estender a mão ao Congresso para começar a trabalhar com os legisladores e mostrar que compreende que a Constituição diz que o presidente tem de governar trabalhando com o braço legislativo».

Há também um crescente alarmismo entre congressistas de ambos os partidos relativamente ao cada vez maior défice orçamental, com muitos deles a acusar o presidente de «irresponsabilidade», o que poderá criar uma oposição ao programa presidencial de reforma fiscal.

Fontes da administração Bush rejeitam veementemente acusações de que o défice orçamental está descontrolado.

As projecções são de que este ano o défice poderá atingir os 370 mil milhões de dólares, mas a administração Bush faz notar que isso é menos de 3,5% do Produto Interno Bruto.

Em termos percentuais, dizem as mesmas fontes, isso é menos do que o défice da Alemanha previsto para este ano e inferior ao registado em França no ano passado e em 2003.
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