Eleições em Espanha: Zapatero vai governar mais quatro anos - TVI

Eleições em Espanha: Zapatero vai governar mais quatro anos

Zapatero (Lusa)

PSOE vence mas vai precisar de acordos. PP reforçou

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A vitória do PSOE, a subida de apoio ao PP e os desafios do novo governo são os destaques principais que a imprensa espanhola ressalta nas suas edições de hoje, no rescaldo da jornada eleitoral de domingo.

«Zapatero repete vitória» é o título da manchete do «El Pais», que em editorial alude à «segunda oportunidade» dada pelos eleitores aos socialistas, num sinal de que a vitória de 2004 não se deveu apenas aos atentados de 11 de Março.

Para o jornal «não foi um acidente ou um parêntesis, nem tão pouco o efeito dos atentados de 11 de Março, como têm vindo a repetir, insidiosamente durante quatro anos os sectores mais radicais da direita política e mediática».

Reconhecendo esta vitória do PSOE, o jornal nota porém que Zapatero «não conseguiu mobilizar o eleitorado de centro-esquerda», perante um forte recuo da Esquerda Unida (IU), o que o deixa longe do objectivo de «governar sem hipotecas».

Apoios precisam-se

Um reconhecimento de que para governar necessitará, novamente, do apoio das forças nacionalistas, nomeadamente da Convergência e União (CiU), do centro-direita catalão, cujos 10 deputados (mais seis do Partido Nacionalista Basco (PNV)) empurram os 165 do PSOE para a maioria.

O «ABC» matiza o facto do «PSOE voltar a ganhar» com o facto do PP «crescer em votos e em deputados», apontando ainda que o líder da IU, Gaspar Llamazares ,«fracassa, vitima do voto útil e demite-se, depois de conquistar apenas três mandatos».

A grande surpresa, para o conservador «ABC», é o facto da ex-PSOE Rosa Diez ter conseguido ser eleita com 303 mil votos na estreia do partido que criou no ano passado, a União Progresso e Desenvolvimento (UPyD) que se tornou na quinta força mais votada.

Analistas sugerem que a vitória de Diez, conseguida em grande parte em Madrid, ajudou o PP a conseguir uma vitória ainda mais ampla nesta região autónoma.

«Rodriguez Zapatero ganhou mas seria um acto de prudência que não cantasse vitória porque esta legislatura não lhe servir para aumentar as distâncias face ao PP nem para obter esse êxito com que sonhava em Abril de 2004, quando imaginou que a direita em Espanha seria uma anedota irrelevante no seu passeio triunfal», escreve em editorial.

Para o «ABC», «a direita em Espanha existe, tem mais força que há quatro anos e é imprescindível para reconstruir todas as pontas destruídas pelo PSOE, com o sentido comum, a estabilidade constitucional e o consenso real com o método».

A crise a ultrapassar

Igualmente à direita, o «El Mundo» diz que «Espanha encarrega Zapatero a missão de a tirar da sua crise», notando que o primeiro-ministro reeleito promete «acordos em temas de Estado».

O «El Mundo» dedica ainda algum espaço ao futuro na liderança do PP, sugerindo que «Rajoy dá a entender que deixará» a chefia do partido, opção rejeitada no fim da noite eleitoral pelos seus colaboradores.

O jornal considera que o assassínio do ex-vereador socialista Isaías Carrasco sexta-feira no País Basco mobilizou o eleitorado, afirmando em editorial que «Zapatero obtém um mandato claro para governar de outra maneira».

A morte de Carrasco, escreve, «proporcionou da forma mais trágica e menos desejada por Zapatero, a tensão e dramatismo que poderiam favorecer os jornalistas», tendo conseguido a sua vitória graças ao afundamento dos seus sócios no governo tripartido catalão: IU e ERC.

Ainda mais à direita, o «La Razon» afirma laconicamente que «Zapatero voltará a governar», escrevendo em editorial que «Zapatero consegue conservar o poder», enfrentando agora «inúmeros e diversos desafios».

«Mas seria muito positivo que os seus primeiros esforços fossem centrados no passar da página da má legislatura passada, proporcionando um clima longe da crispação e da falta de comunicação», refere.

«Governo e oposição estão obrigados a abrir uma nova etapa política em que prime a procura de consenso nas questões fundamentais», sublinha.
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