Uns tão iguais como outros - TVI

Uns tão iguais como outros

EDITORIAL Editorial de Maisfutebol sobre o comunicado em que a Liga reconhece a igualdade entre todos os jornalistas, independentemente do formato em que são lidos, vistos ou ouvidos.

A Liga reconheceu a igualdade de todos os jornalistas perante a lei. Fez mais que a sua obrigação.  

Em comunicado oficial divulgado na noite de quarta-feira, Guilherme Aguiar reconheceu que os jornalistas lidos apenas em formato digital são tão iguais como os outros. Ao fazê-lo reconheceu o óbvio. Estranho é o óbvio ser tão difícil de entender e assumir a forma de bom serviço a todos os jornalistas.  

O texto da Liga revela bom senso e ajuda a clarificar a situação dos profissionais da comunicação social que vêem o seu trabalho disponível online. E hoje, deixem-me notá-lo, eles são a imensa maioria. 

Até Março, os meus textos foram impressos no papel de A Bola. Foi assim durante oito anos. Nos últimos tempos passados na redacção da Travessa da Queimada, muito do que escrevi passou a estar disponível também em formato digital, em A Bola online. 

Enquanto jornalista de A Bola trabalhei numa mão cheia de países, cobri dezenas de jogos, escrevi centenas de textos, milhões de caracteres. Domingo, depois de quatro companheiros meus terem sido impedidos de entrar no Estádio das Antas, perguntei-me o que teria mudado. 

Eu, como eles, não mudei. Seguramente não. Os nossos textos deixaram de ser comprados ao sair de casa, passaram a ser lidos ao chegar ao emprego. Mas os nossos direitos e deveres enquanto jornalistas mantiveram-se intactos. As leis portuguesas que nos enquadram também. 

Como escrevemos na terça-feira, no ecrã que tem perto de si, a legislação que enquadra os jornalistas é clara. E já prevê que o trabalho dos profissionais de comunicação social seja visto «por outra forma de difusão electrónica».  

Por isso, em meu entender, a Liga fez mais que a sua obrigação. Não cabe a uma entidade como a Liga pronunciar-se sobre a natureza da profissão de jornalista. Ainda bem que o fez, claro, mas é pena que tenha sido preciso fazê-lo.  

Talvez por isso a chegada do faxe da Liga não provocou em mim qualquer emoção. Provavelmente, a facilidade de ignorar a lei impressiona-me mais. A inutilidade de tudo isto é lamentável. Se tivessemos entrado nas Antas, no passado domingo, que teria sucedido? Nada. Alguém compreende? 

Não guardamos qualquer rancor para com os dirigentes do F.C. Porto. Mas também não escondemos que a situação nos magoou e indignou. Teríamos sentido o mesmo em qualquer outro estádio.  

Aguardamos agora que a Federação Portuguesa de Futebol reforce a posição da Liga e transforme em comunicado oficial a informação que solicitou à UEFA. No próximo fim-de-semana estaremos nas tribunas de imprensa dos estádios da I Liga. Afinal, somos todos iguais.

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