Turquia de contrastes - TVI

Turquia de contrastes

Um país em alta, uma Selecção difícil Que Turquia é esta que a Portugal calhou em sorte? Antes de mais, uma Selecção muito difícil, em alta depois do melhor ano da História do futebol turco.

Este é, definitivamente, o ano do futebol turco. Depois de o Galatasaray ter conquistado a primeira competição internacional de clubes para o país, ao vencer este ano a Taça UEFA, eis que a Selecção atinge pela primeira vez os quartos-de-final de um grande torneio. Próximo adversário: Portugal. 

Agostinho Oliveira, o elemento da equipa técnica nacional que tem a tarefa de observar os adversários de Portugal, dissera antes do Bélgica-Turquia que decidiria o adversário dos portugueses nos quartos-de-final do Europeu que preferia defrontar os turcos. O futebol fez-lhe a vontade, mas apesar da preferência a Turquia está longe de ser uma equipa fácil. 

Europeu de contrastes 

Depois de uma estreia interessante neste Europeu, diante da Itália, num jogo que acabaram por perder com algum sabor a injustiça, misturada com frustração, esperava-se muito da Turquia para o segundo jogo. O adversário, a Suécia. Resultado: 0-0. O pior jogo do Europeu. 

Por esses contrastes era difícil prever que Turquia surgiria frente à Bélgica, sabendo que os turcos estavam obrigados a ganhar para continuar em prova. Surgiu a Turquia mais normal: uma equipa de contra-ataque, capaz de, lá à frente, desequilibrar no um para um, especialmente através de Hakan Sukur ou Arif Erdem; uma equipa com uma defesa muito forte, com três centrais e um guarda-redes seguríssimos; uma equipa com um meio-campo povoado e trabalhador, mas que falha muitos passes; e uma equipa bastante frágil nos extremos. Afinal, jogando bem ou mal, a sua imagem de marca neste Europeu. 

Galatasaray e Fenerbahce são a base 

Não se esperam, pois, grandes surpresas diante de Portugal. Sem jogadores castigados, o treinador Sergen Yalcin deve continuar a apostar na base Galatasaray e Fenerbahce. O que não surpreende. Numa Selecção em que 20 dos 22 jogadores actua em casa, é normal que o esqueleto seja construído em volta dos dois principais clubes do país. 

Diante da Bélgica, o onze titular foi composto por cinco atletas do Galatasaray e cinco do Fenerbahce. O outro foi Tugay, médio do Glasgow Rangers, um dos dois estrangeiros da Selecção no ano passado. O outro foi Muzzy Izzet, do Leicester, que se estreou com a camisola da Turquia já no decorrer deste Europeu. 

O ano de sucesso dos turcos, no entanto, não passou despercebido internacionalmente. Os dois jogadores mais perigosos no ataque da Selecção já têm as malas feitas para no final do Europeu abandonarem a Turquia. Hakan Sukur vai jogar no Inter de Milão e Arif Erdem muda-se para a Real Sociedad. 

Estes dois jogadores devem compor a frente de ataque diante de Portugal, embora Arif Erdem tenha saído lesionado do jogo com a Bélgica, depois de ser atropelado por De Wilde, não se conhecendo ainda a gravidade do problema. 

Na rectaguarda também não há dúvidas. Rustu é o guarda-redes, Ogun o líbero e Fatih Akyel e Alpay os centrais de marcação. É no meio-campo que Sergen Yalcin tem feito mais alterações, mas no lado direito estará Umit ou Tayfun, à esquerda alinhará Abdullah e no meio Okan e Suat, bons recuperadores de bolas, parecem ter lugar cativo. A outra vaga poderá ser ocupada por Tugay, Tayfur ou Hakan Unsal. 

Muito mudou em quatro anos 

Quatro anos passaram depois do Campeonato da Europa de Inglaterra, em que Portugal venceu a Turquia por 1-0, na primeira fase, com golo de Fernando Couto. De Portugal disse-se que era uma Selecção mais experiente, mais madura, mais rodada, com mais soluções. Melhor. Os resultados parecem confirmá-lo. 

Só que a Turquia também está longe de ser a equipa inexperiente que em 96 saiu de cabeça baixa de Inglaterra, depois de perder três jogos. Para já está nos quartos-de-final. Depois... compete a Portugal dizer.

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