DPOC vs covid-19: quadros clínicos graves, cuidados intensivos e fatalidade muito acima da média - TVI

DPOC vs covid-19: quadros clínicos graves, cuidados intensivos e fatalidade muito acima da média

Os pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica são um dos principais grupos de risco da covid-19. "Se forem infetados pelo coronavírus, será uma pneumonia que se vai instalar nuns pulmões já debilitados", alerta a pneumologista Paula Pinto

Assinala-se, esta quarta-feira, o Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC). Uma patologia debilitadora das reservas respiratórias dos pacientes, provocada pela obstrução dos brônquios.

Paula Pinto, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, esteve no "Diário da Manhã", na TVI, onde explicou a ameaça que o SARS-CoV-2 representa para estes doentes crónicos.

Este doente já tem uma reserva respiratória muito pequena, porque já tem os brônquios obstruídos. Já são doentes que no inverno se agudizam mais. Podem ir mais aos serviços de urgência hospitalar, terem de fazer mais antibióticos, terem mais pneumonias, serem mais vezes admitidos nos hospitais. Já por si têm uma reserva respiratória muito baixa. Se forem infetados pelo coronavírus, será uma pneumonia que se vai instalar nuns pulmões já debilitados. Portanto, condiciona quadros clínicos muito mais graves, muitas vezes, com recurso a cuidados intensivos e podendo levar à morte”, alertou a pneumologista.

Estima-se que a DPOC afete cerca de 5,42% da população portuguesa, com idades compreendidas entre os 35 e os 69 anos.

Estão estimadas mais ou menos 800 mil pessoas em Portugal, mas a incidência é muito maior. As pessoas não ligam, porque pensam que é do fumo do tabaco ter tosse, expetoração de manhã e cansarem-se”, explicou Paula Pinto.

Esta efemeridade provoca um cansaço crónico que, tendencialmente, leva os doentes a diminuírem progressivamente a quantidade de atividade física diária. Os pacientes acabam por entrar num ciclo vicioso em que não se exercitam por culpa da doença, mas esse sedentarismo acaba por piorar, gradualmente, os sintomas da patologia.

As pessoas conseguem viver bem com a doença pulmonar obstrutiva crónica. Contudo, grande parte dos doentes tenta minimizar as dificuldades. Em de subirem escadas vão de elevador ou se tem dificuldade em andar vão de carro”, lembrou.

Apesar de a DPOC ser uma doença crónica existe tratamento que restabelece a qualidade de vida dos pacientes. No entanto, os doentes devem ter cuidados redobrados e apostar sempre numa medicação preventiva.

Há tratamento. Felizmente, há tratamento e as pessoas podem viver de forma crónica com a doença, mas bem. Devem deixar de fumar, fazer sempre as vacinas (como a da gripe e pneumonia), manter-se o mais possível ativo e a medicação que é fundamental porque se centra, sobretudo, em broncodilatação”, referiu Paula Pinto.

A Sociedade Portuguesa de Pneumologia comemora o Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica com uma campanha que pretende alertar para os primeiros sintomas da doença e para a prevenção. A ideia é sensibilizar os doentes para a necessidade de se mexerem e terem uma atividade. 

É importante estar atento aos sinais primeiros sinais da DPOC. Anomalias como cansaço atípico, tosse ou expetoração matinal são os primeiros sintomas da patologia, que se instala lenta e progressivamente.

De alertar que, tal como a generalidade das doenças, quanto mais tarde for identificada maiores vão ser os riscos.

Esta campanha para o Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica é um projeto positivo. Trata-se de uma mensagem em forma de música, que queremos que seja um hino tanto da positividade, que leve os doentes a cumprirem a medicação, que lhes permita ter uma atividade física e ter uma vida boa, viver bem com a DPOC”, explica a vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.

 

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