Benfica-Campomaiorense, 2-0 (destaques) - TVI

Benfica-Campomaiorense, 2-0 (destaques)

A tarde de glória de João Tomás Dani foi a referência nos maus e bons momentos, Carlitos injectou ânimo e velocidade no jogo, Jorginho e Laelson deixaram ameaças durante 60 minutos. Mas como diminuir o protagonismo do homem que entrou para resolver o jogo?

João Tomás

Uma tarde gloriosa, como são todas aquelas em que um ponta-de-lança sai do banco para resolver o jogo com dois golos. Mas não deve resumir-se a isso a sua participação no jogo. Colocando-se bem atrás de Van Hooijdonk, foi o complemento necessário para o esforço até aí ineficaz do holandês, que esta tarde opôs ao indisfarçável espírito de luta uma comprometedora imprecisão nos domínios de bola. A entrada de João Tomás para as suas costas devolveu sentido a toda a movimentação ofensiva do Benfica, que encontrou o caminho para o golo em dois lances em que o homem vindo do banco surgiu de trás, a criar os desequilíbrios que até aí nunca se tinham visto.  

Dani

Foi a principal referência do Benfica na fase má, introduzindo todas as rupturas no jogo com passes em profundidade que, durante muito tempo, foram a única solução eficaz para pôr em jogo os homens mais adiantados. Com inteligência táctica confirmada a cada lance, foi o primeiro a tentar convencer os companheiros a parar para pensar, e teve finalmente parceiros para o diálogo após as substituições. Tendo assinado os melhores passes e a exibição mais regular da equipa, pertenceram-lhe também dois remates perigosos, que passaram a rasar o poste. E aos 90 minutos acabou por não marcar um golo merecido, por excesso de generosidade: tentou o passe para Van Hooijdonk quando tinha toda a legitimidade para rematar à baliza. 

Carlitos vs. Poborsky

João Tomás foi mais decisivo, Dani foi mais constante, mas a entrada do extremo-direito português trouxe o maior ponto de contraste entre o mau e o bom Benfica. Não se pode dizer que Poborsky estivesse a viver uma tarde negra, mas a sua irregularidade (demasiadas perdas de bola para dois ou três raides com sucesso) era mais um ingrediente para acentuar a intranquilidade da equipa, que nunca sabia quando podia contar com ele. Menos dotado tecnicamente, Carlitos deu uma resposta mais imediata: muita velocidade, muita determinação, e a noção instantânea do caminho mais directo para a linha de fundo. Como consequência, o Benfica redescobriu os flancos e o seu jogo ganhou asas. 

Jorginho e Laelson

Não se pode acusar o Campomaiorense de ter vindo jogar à Luz na retranca. Três homens de ataque, com Ristic a ter como missão segurar os centrais e dois extremos velozes com ordens para arrancar em diagonal para a baliza a cada contra-ataque. Faltou mais circulação de bola e um meio-campo mais construtiva para a aposta resultar em pleno, mas Jorginho e Laelson mostraram argumentos suficientes para pôr em respeito um Benfica fragilizado. A saída de Jorginho marcou o canto do cisne das veleidades atacantes dos alentejanos. E Laelson bem poderia ter mudado o destino do jogo com aquele lance aos 6 minutos... 

Segundo golo

Num jogo que, durante demasiado tempo, foi tenso, mastigado e crispado, sabe bem ver um raio de futebol cristalino. Foi aos 86 minutos que o Benfica marcou um golo que de tão simples e inteligente roçou a genialidade. Uma abertura longa para a direita, um passe instantâneo para o meio, um toque de calcanhar inteligente, tudo isto a preparar uma apoteose de autoconfiança nas pernas de João Tomás: drible para fora e remate de pé esquerdo sem apelo. É por coisas destas que as pessoas ainda vão aos estádios. 

Francisco Ferreira

Má arbitragem, que não se esgota nos dois erros que mais influenciaram o decorrer do jogo - a expulsão perdoada a Rojas e o penalty não assinalado sobre Sabry. Muitas faltas por marcar, muitos lances acompanhados demasiado ao longe, muitas indicações trocadas. Enfim, um protagonismo de todo dispensável.

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