Obras públicas: Sócrates «está sozinho» - TVI

Obras públicas: Sócrates «está sozinho»

Ferreira Leite e Ricardo Rio

«Nem um só economista concorda com as grandes obras públicas». Primeiro-ministro «devia pensar que não tem razão», diz Ferreira Leite

Não irá aumentar impostos - e baixará o que puder. Manuela Ferreira Leite disse esta quarta-feira, em entrevista à SIC e SIC Notícias, que Sócrates «está sozinho» quando se fala em grandes obras públicas.

«Não existe um único economista credível» que seja favorável a este tipo de investimento público. «O primeiro-ministro está sozinho nesta decisão; devia pensar que não tem razão», disse a líder do PSD.

Para Ferreira Leite, Sócrates «está alheado do verdadeiro problema do país» e o investimento previsto em grandes obras públicas só irão «empobrecer e não enriquecer o país», garante.

Mas a antiga ministra das Finanças frisa que não é contra os investimentos públicos, se estes forem de «proximidade», «criadores de emprego» e que fomentem a intervenção das PME (Pequenas e Médias Empresas), como a recuperação do parque escolar ou a reabilitação do património.

«Um TGV, um aeroporto, uma ponte, três auto-estradas - tudo ao mesmo tempo - não vai impedir que as empresas fechem».

Questionado sobre o que suspenderia, se chegasse ao Governo, Ferreira Leite sublinha que é necessário «analisar caso a caso; só temos os elementos que o governo nos dá», mas com a situação de «endividamento» do país, o TGV e a nova ponte sobre o Tejo seriam os alvos a adiar.

Já sobre a carga fiscal, Ferreira Leite garante que não aumentará impostos. «As regras que vigoram na União Europeia agora são opostas às que vigoravam quando eu era ministra nas Finanças. Na altura tinha um ano para combater o défice; com isso, salvámos o país. De outra forma, não teríamos tidos acesso aos fundos estruturais».

Mas agora, «com outros prazos para consolidar as contas públicas», o ideal seria baixar os impostos «se for possível».

Ferreira Leite garante que só promete o que pode cumprir. E desconfia dos apoios sociais anunciados pelo Governo em tempo de crise. «Não vejo concretizações. Se essas medidas fossem efectivas, teriam de se ter traduzido em algo lado. Mas olho para o Orçamento de Estado e não vejo as verbas para os anúncios que têm sido feitos».

«Como eu não acredito que o dinheiro venha... sabe-se lá de onde, acredito que as medidas não estão a ser realizadas».
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