GNR e PSP negam aumento de casos de droga e álcool - TVI

GNR e PSP negam aumento de casos de droga e álcool

GNR e PSP negam aumento de casos de droga e álcool

PSP vai apresentar queixa-crime contra jornal que fez denúncia. Guarda apresenta número de testes de despistagem recentes e garante que casos de alcoolismo e toxicodependência diminuiram e são pontuais. Há é mais casos de depressão. Oficiais da PSP falam em «tentativa desesperada de justificar existência da IGAI»

A GNR e a PSP negam que haja mais casos de violência, alcoolismo e toxicodependência entre os elementos das respectivas corporações. A GNR apresenta números para explicar que o consumo de álcool e droga tem diminuído. A Polícia vai mesmo avançar com uma queixa-crime contra os autores da notícia que relaciona o aumento de casos de agressões a cidadãos por parte da polícia com o facto de a Inspecção-Geral da Administração Interna [IGAI) estar sem dirigente há oito meses.

Em comunicado, a Guarda informa que «os dados estatísticos internos permitem afirmar, com toda a certeza, que o consumo [de álcool e estupefacientes] tem diminuído significativamente». Em Julho deste ano, e de acordo com a mesma informação, a GNR efectuou 2081 testes de álcool tendo detectado três casos positivos.

Relativamente à toxicodependência, durante o ano passado terão sido feitos 1750 testes de despistagem de que resultaram três casos positivos. Em 1754 exames feitos já este ano, foram detectados os mesmos três casos, dois dos quais reincidentes. Nos dois anos foram ainda detectados nove candidatos ao ingresso na GNR que acusavam o consumo de droga. Este facto valeu-lhes o chumbo no acesso à corporação.

Já em 2003, o ex-director-nacional da PSP, Mário Morgado, aprovou um regulamento interno com regras para o consumo de bebidas em serviço. O documento determinava a proibição da «venda de bebidas alcoólicas em todas as instalações da PSP, nomeadamente nas messes e bares». Garrafas com líquidos alcoólicos passavam a ser permitidas apenas «nos locais e nos períodos» de «almoço e jantar» e em «quantidades limitadas». O regulamento ia ao pormenor de determinar que cada polícia só pudesse beber 25 cl de vinho ou 33 cl de cerveja por refeição.

Oficiais da PSP, contactados pelo PortugalDiário, defendem que a informação sobre o aumento de casos de alcoolismo e toxicodependência é difamatória. «É uma tentativa desesperada de justificar a existência da IGAI», defende Carlos Resende. O comissário, dirigente do Sindicato Nacional de Oficiais da Polícia, admite que haja, isso sim, «indícios de aumento do número de casos de depressão» entre os agentes da PSP e que o «crescente aumento do número de suicídios é um indicador».

O oficial sugere que se faça um estudo profundo sobre o tema, mas arrisca explicações: «As vicissitudes da profissão. O facto de [os agentes] terem que lidar constantemente com situações de conflito. São obrigados a manter a calma em situações anormais.» Outra causa possível é a «diminuição dos mecanismos de compensação, o que cria maior tensão». Finalmente, Carlos Resende aponta ainda o aumento de agressões contra os agentes das forças de segurança. «Há imensos casos de agressões graves que afectam não só os visados como os colegas».

O impacto da morte de três polícias, já este ano, pode criar «um sentimento de receio que leve a reacções mais emotivas de auto-defesa», acrescenta o secretário-geral do Gabinete Coordenador de Segurança, general Leonel de Carvalho. «A violência sobre os agentes tem vindo a agravar-se e muitas vezes podem reagir um pouco impulsivamente mas não me parece que isto esteja relacionado com a ausência da IGAI», admite Leonel de Carvalho.

A preocupação com o aumento de casos de agressões contra elementos das forças de segurança é sublinhada no Relatório Anual de Segurança Interna relativo a 2004. Na altura, o ministério da Administração Interna dava «especial destaque ao número de detenções efectuadas por crimes contra a GNR (763) o que corresponde a um acréscimo de 10,4 por cento em relação ao ano transacto». Também a PSP registou no mesmo ano um total de 721 agentes feridos em consequência da actividade operacional.
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