Cansaço, menos concentração e maior irritabilidade. Uma noite mal dormida é capaz de arruinar o bem-estar físico e mental logo no dia seguinte, mas quando a má qualidade de sono é recorrente, o efeito tende a agravar-se. E um recente estudo vem alertar para a rapidez das consequências.
Publicado na revista científica Sleep, o estudo levado a cabo pela Universidade Concórdia, no Canadá, revela que as pessoas que sofrem de insónia correm um maior risco de desenvolver declínio cognitivo a curto prazo, podendo apenas três anos de noites mal dormidas aumentar a probabilidade da pessoa relatar um declínio subjetivo da memória.
Para chegarem a esta conclusão, os cientistas analisaram os dados recolhidos entre 2019 e 2022 de 26.363 participantes (com idades entre os 45 e os 85 anos) do Canadian Longitudinal Study on Aging.
Numa primeira fase, em 2019, os participantes foram divididos em três grupos, consoante a forma como classificavam a sua qualidade de sono: sem problemas em dormir, com problemas pontuais em dormir e com episódios de insónias. Numa segunda fase, já este ano, a qualidade do sono de cada participante foi analisada.
Ao cruzarem os dados de 2019 com os de agora, os cientistas canadianos notaram que os participantes que relataram um declínio da qualidade do sono - de nenhum sintoma para alguns ou provável insónia, ou de alguns sintomas para provável insónia - eram mais propensos a apresentar sinais de declínio de memória ou ter um diagnóstico médico de demência. Mas não só: aqueles que em três anos viram o sono piorar de qualidade eram também mais propensos a apresentar estados de ansiedade, depressão, sonolência durante o dia, maior índice de massa corporal (IMC) e até apneia do sono.