Quando «a guerra» chega ao ar - TVI

Quando «a guerra» chega ao ar

Desde 1973 há registo de, pelo menos, sete aviões comerciais abatidos. Alguns «por engano», outros propositadamente

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Com 298 pessoas a bordo, um avião Malaysia Airlines, que voava sob o número MH17, despenhou-se quinta-feira na região leste da Ucrânia, junto à fronteira com a Rússia. Tudo indica que tenha sido abatido pelos separatistas russos, por engano, com um míssil terra-ar. Este não é o primeiro caso de um avião comercial abatido por engano e, infelizmente, não deverá ser o último.

O caso mais recente, aconteceu em outubro de 2001, pouco tempo dos atentados de 11 de setembro. Na altura, um Tupolev 154 da companhia aérea russa Siberia Airlines, que partiu de Tel Aviv com destino à Rússia, desapareceu no Mar Negro. Tinha 78 pessoas a bordo. De imediato foi colocada a hipótese de terrorismo, mas as investigações concluíram que o aparelho tinha sido abatido por um míssil ucraniano, disparado durante um exercício militar e que fez uma trajetória errada.

Em setembro de 1993, no espaço de poucos dias, três aviões da companhia Transair Georgia foram atingidos por mísseis rebeldes, na região da Abecásia. Ao todo, nos três incidentes, morreram 136 pessoas.

Uns anos antes, em julho de 1988, um AirBus da Iran Air, que seguia de Teerão para o Dubai, com 290 pessoas a bordo, foi abatido por um míssil disparado de um navio de guerra norte-americano, o USS Vincennes, que estava a patrulhar o Golfo Pérsico. A investigação concluiu que os militares confundiram o aparelho com uma aeronave militar.

Em setembro de 1983, o voo 007 da Korean Air Lines, caiu no mar de Okhotsk, no Oceano Pacífico, após ser atingido por um míssil disparado por um caça soviético. Levava 269 pessoas a bordo. Entre os passageiros estava um deputado norte-americano e, na época, o incidente foi considerado um «crime contra a humanidade» pelo presidente dos EUA, Ronald Reagan. A Rússia começou por negar qualquer ligação com a queda, mas acabou por se defender afirmando que o aparelho tinha invadido o seu espaço aéreo. O Boeing 747 tinha saído de Nova Iorque e rumava para Seul. Problemas no piloto automático fizeram o aparelho desviar-se da rota.

Mas cinco anos antes, em abril de 1978, outro aparelho da Korean Air Lines, foi abatido por aviões militares russos. Seguia de Paris para Seul. Tal como no caso anterior, o Boeing 707 terá, inadvertidamente, entrado no espaço aéreo soviético na região de Murmansk. Os militares acharam que era um avião espião, enviado pelos EUA, e mandaram um caça intercetar o aparelho. A bordo estavam 109 pessoas. Disparos feito pelo caça atingiram, e mataram, dois passageiros. No entanto, o piloto conseguiu fazer uma aterragem de emergência num lago congelado e salvar os restantes passageiros.

Também no mesmo ano, em setembro de 1978, durante a guerra civil da antiga Rodésia, atual Zimbabué, um grupo de guerrilheiros abateu, com recurso a foguete portátil, um bimotor da Air Rhodesia com 56 pessoas a bordo. O piloto também conseguiu aterrar o avião, mas na queda morreram 38 pessoas. Quando os guerrilheiros chegaram ao local mataram dez sobreviventes. Apenas oito pessoas escaparam do incidente. Três fingiram estar mortas e cinco fugiram do local.

Um ano depois, em fevereiro de 1979, um outro aparelho da mesma companhia foi, de novo, atacado da mesma forma e nenhum dos 59 passageiros e tripulação, sobreviveu.

Já em fevereiro 1973, um Boeing da Libyan Arab Airlines foi abatido por caças israelitas quando viajava de Trípoli, na Líbia, para o Cairo, no Egito. Devido a uma tempestade de areia o aparelho saiu da rota e sobrevoou a Península do Sinai, ocupada por Israel à época. Os aviões militares fizeram advertências e ordenaram que o avião aterrasse. Como os pilotos não obedeceram, dispararam. O Boeing acabou por fazer uma aterragem de emergência. Das 113 pessoas que seguiam a bordo apenas sobreviveram cinco.
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