O líder norte-americano está na Etiópia desde domingo para a primeira visita de um Presidente dos EUA à segunda nação mais populosa de África. Uma visita oficial que termina hoje com o discurso perante a União Africana, constituída por 54 países.“Ninguém deveria ser presidente para sempre. Não entendo por que querem permanecer tanto tempo no lugar, especialmente quando têm muito dinheiro”, afirmou Barack Obama, citado pela BBC.
Obama afirmou que a democracia em África é ameaçada sempre que um presidente se recusa a abandonar o cargo no final do seu termo constitucional, dando o exemplo da violência no Burundi.
Pierre Nkurunziza garantiu há dias um terceiro mandato fora do limite constitucional e que os Estados Unidos consideram ilegítimo .“Quando um líder tenta alterar as regras a meio do jogo apenas para ficar no lugar, arrisca um cenário de instabilidade e violência como vimos no Burundi”, destacou, perante os líderes africanos, de acordo com a agência Reuters, que teve acesso ao texto do discurso.
O presidente dos EUA lembrou que uma democracia é mais do que realizar eleições, condenando a prisão de jornalistas e as ameaças a ativistas.
Obama pediu o fim do "cancro da corrupção", sublinhando que se trata de algo fundamental para desbloquear o potencial económico dos países africanos. Mais, sugeriu que o dinheiro fosse usado na criação de postos de trabalho, na construção de escolas e hospitais."Quando jornalistas são presos por fazerem o seu trabalho e ativistas ameaçados podem ter a democracia no nome, mas não em substância."
Em relação ao desemprego, defendeu que África precisa de criar mais emprego para os jovens, frisando que os EUA oferecem “parcerias económicas reais”, que não passam apenas pela construção de infraestruturas ou pela extração de recursos naturais.
E, tal como já tinha feito no discurso que deu em Nairobi, no Quénia, Obama condenou a repressão das mulheres, afirmando que "o melhor indicador para saber se uma nação vai ter sucesso é analisar a forma como esta trata as suas mulheres".“Basta olhar para o Médio Oriente e para o Norte de África para perceber que a maior parte dos jovens sem emprego são vozes de luta que podem espoletar a instabilidade e a desordem.”