Quando o primeiro terramoto aconteceu, a 25 de abril, matando milhares de pessoas e destruindo mais de meio milhão de casas, Maya estava a duas semanas do parto.
O país ficou numa situação crítica no que toca ao acesso cuidados médicos e a 11 de maio começaram as dores. Foi por isso que a primeira tentativa foi, em família, ajudá-la a ter a criança um dia antes do segundo sismo que ninguém podia prever. Sem sucesso. Acabaram por ir mesmo até ao hospital de Bhaktapur, uma cidade a leste capital Kathmandu.
Entretanto, novo abalo de magnitude 7,1, sentido às 12:50 locais (depois das 07:00 em Lisboa). Maya e a bebé, ainda na barriga, sobreviveram.
"Eu queria correr para fora do hospital quando o terramoto aconteceu, mas não podia. Estava cheia de dores e muito preocupada com o meu bebé e com o sismo"
Foram transferidas para um abrigo improvisado montado ao lado do hospital. A bebé nasceu cinco horas depois.
O fotógrafo da Reuters estava em reportagem em Kathmandu quando o sismo aconteceu e quis ir para algum sítio onde pudesse haver gente dentro de edifícios desmoronados. Daí, viajou até Bhaktapur, porque era previsível que fosse uma cidade mais afetada pelo tremor de terra.
Chegou ao hospital 15 minutos antes de a bebé de Maya nascer, encontrando a mulher já em trabalho de parto.
"O meu editor pediu permissão para tirar algumas fotos e todos disseram que sim. Pensei que poderia ser uma história muito boa sobre o sismo. Esperei fora do abrigo para ouvir o som de um bebé a chorar. (...) O momento do nascimento desta menina será a melhor lembrança na minha vida"
Maya, o seu marido Buddha Tamang, a filha de ambos e, noutro plano, o fotógrafo viveram um dia de emoções a dobrar, entre o medo, a dor, a destruição e o milagre da vida.
O Nepal espera espera angariar dois mil milhões de dólares para reconstrução do país.