Originário do Mali, Bathily, de 24 anos, é funcionário na loja judaica e, na altura do atentado, encontrava-se numa câmara frigorífica, na cave do estabelecimento.
Quando Amedy Coulibaly, o terrorista que foi abatido pela polícia francesa, entrou na loja matou quatro pessoas e lançou o pânico. Cerca de 15 pessoas correram então para a cave, para se protegerem das balas do extremista que alegou, num vídeo póstumo, pertencer ao Estado Islâmico.
Bathily, que estava na câmara frigorífica, abriu a porta do espaço e desligou o arrefecimento para acolher os reféns, entre os quais estavam duas crianças, uma com apenas dois anos.
«Várias pessoas correram para onde eu estava. Abri a porta, desliguei a luz e o sistema de arrefecimento. Coloquei-os lá dentro, fechei a porta e disse-lhes para permanecerem calmos», declarou.
Mas mesmo depois disso, aquelas pessoas não estavam ainda fora de perigo. Coulibaly chamou todos os reféns ao piso superior da loja e ameaçou os que não obedecessem.
«Ele mandou-nos subir a todos. Senão ele iria lá abaixo para matar todos os que encontrasse», contou.
O clima era de tensão e de medo, mas Bathily conseguiu mostrar sangue frio e coragem. Através de um elevador utilizado para o transporte de mercadorias, o muçulmano conseguiu sair do edifício sem ser visto pelo atirador. Já no exterior, falou com as autoridades e deu-lhes informação preciosa para que os reféns pudessem ser resgatados.
Quando, por fim, a situação foi resolvida, após o assalto da polícia , os reféns que escaparam ilesos agradeceram a Bathily o seu gesto.
Entretanto, nas redes sociais, a imagem do herói de Porte de Vincennes tem sido muito partilhada como símbolo das «pessoas boas unidas contra o terrorismo».
Muslim shop worker Lassana #Bathily tells how he hid shoppers in basement fridge unit http://t.co/KneNWt5gLA #Paris pic.twitter.com/zpclqe54ak
— Andrea Mameli (@amameli) January 11, 2015
Além disso, há mesmo quem apele ao governo para premiar o jovem com a Medalha de Honra Francesa pela bravura demonstrada.