Congo: exército e rebeldes retomam combates

Tropas governamentais e forças do general rebelde Laurent Nkunda, que abandonou uma trégua acordada há um mês, voltaram hoje a defrontar-se no leste da República Democrática do Congo (RDCongo), noticiou a Rádio Okapi, citando fontes militares e testemunhas.



Ouviam-se tiroteios esporádicos nas colinas de Ngingo e Kisisi, no território de Masisi, cerca de 30 quilómetros a noroeste de Goma, capital da província do Kivu Norte, disseram à emissora, patrocinada pela ONU, habitantes da área.



O recomeço dos confrontos foi confirmado por um responsável da Oitava Região Militar, encarregada das operações contra as forças rebeldes, que adiantou que as duas partes combatem desde domingo, não tendo contudo mencionado baixas.



Entretanto, em Kinshasa, o director do gabinete do Ministério da Defesa congolês, Maitre Tshilebo, admitiu que os combates são «intensos», mas também não adiantou pormenores quanto a mortos ou feridos.



Versões não confirmadas oficialmente indicavam que mais de 70 rebeldes foram abatidos pelas forças governamentais, 38 dos quais no sábado.



A Missão de Observação das Nações Unidas na RDCongo (MONUC) indicou, por seu turno, ter conhecimento de que nove soldados governamentais ficaram feridos nos combates no fim-de-semana, mas que desconhece as baixas entre os rebeldes.



A Missão adiantou que perto de um milhar de civis fugiram para outras regiões para escapar aos combates.



Nkunda anunciou que abandonava a trégua - acordada com mediação da MONUC - por o exército violar o cessar-fogo desde a passada semana, atacando primeiro as posições rebeldes e bombardeando agora indiscriminadamente aldeias da região de Masisi.



O líder rebelde adiantou que as suas forças não podem continuar «de braços cruzados enquanto as pessoas morrem» e lançaram uma contra-ofensiva contra os efectivos governamentais.



As duas partes defrontaram-se durante o passado fim-de-semana no Parque Nacional de Virunga, reserva natural onde habita o gorila de montanha, espécie em perigo de extinção e de que restam apenas cerca de 700 exemplares nas selvas que cobrem o vértice das fronteiras comuns da RDCongo com os vizinhos Uganda e Ruanda.