O que a pandemia Covid-19 já nos mostrou é que não escolhe raça, género, etnia, credo e muito menos classe social. Todos podem ser vítimas da mais recente doença que se está a alastrar pelo mundo e a lista que se segue é a prova disso mesmo. Aos milhares de profissionais de saúde infetados, que estão na linha da frente do combate, somam-se cada vez mais decisores políticos e responsáveis pelas medidas restritivas e de combate ao novo coronavírus, que também não ficam imunes à doença.
ESPANHA
Na vizinha Espanha, o governo liderado por Pedro Sanchéz já sofreu três baixas: a ministra da Igualdade, Irene Montero; a ministra da Política Territorial e Função Pública, Carolina Darias; e aquele que é até agora o nome de maior peso, a número dois do executivo, Carmen Calvo, que desempenha os cargos de vice-presidente e ministra da Presidência.
A primeira a receber teste positivo para Covid-19 foi Irene Montero, confirmou própria através da conta pessoal na rede social Twitter. Uma vez que o governo tinha reunido em Conselho de Ministros no dia anterior, os alarmes soaram, o que obrigou a que todos os elementos do executivo espanhol tenham sido submetidos a testes de despiste da doença, nomeadamente, Pablo Iglesias, vice-presidente, que mantém uma relação com Montero.
Ayer noté síntomas. Me han hecho la prueba del COVID-19 y he dado positivo. Voy a permanecer en casa con mi familia y desarrollando mi trabajo por medios telemáticos hasta que lo indiquen las autoridades sanitarias. Me encuentro bien.
— Irene Montero (@IreneMontero) March 12, 2020
Além do governo, também a Coroa Real de Espanha foi testada, uma vez que a ministra da Igualdade se cruzou com a rainha de Espanha num ato público. Letizia e o marido, o Rei Filipe VI, realizaram as análises, sendo que ambas deram negativo para o novo coronavírus.
Irene Montero foi mesmo criticada nas redes sociais e também pelos partidos da oposição por ter marcado presença nas manifestações do Dia da Mulher, a 8 de março. Com ela, esteve a ministra da Política Territorial e Função Pública, Carolina Darias, e também a mulher do presidente do governo espanhol, Begoña Gómez; as duas foram diagnosticadas com Covid-19. Não se sabe se foram aí infetadas, uma vez que estavam presentes pelo menos 120 mil pessoas.
Também a primeira vice-presidente do governo de espanha, de 62 anos, está infetada com o vírus. Carmen Calvo deu entrada no hospital com uma infeção respiratória, tendo acabado por ser internada. O teste ao coronavírus, realizado já no hospital, também confirmou que a governante estava infetada.
Em Espanha, que conta nesta altura com 10.003 vítimas mortais e 110.238 infetados, a pandemia também chegou ao parlamento. Ana Pastor, atual deputada do PP e ex-presidente do congresso dos deputados; Javier Ortega Smith e Carlos Zambrano, deputados do VOX, assim como o seu líder, Santiago Abascal, foram diagnosticados com o novo coronavírus.
Já o diretor do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências Sanitárias (equivalente à Direção-Geral da Saúde em Portugal) e a cara dos números do surto em Espanha, Fernando Simón, teve os primeiros sintomas a 21 de março, mas o teste deu negativo. Nove dias depois, chegou a confirmação por parte da número dois da instituição: “Fernando Simón testou positivo”, declarou María José Siera. O líder daquela autoridade de saúde espanhola encontra-se estável, e cumpre o isolamento em casa.
REINO UNIDO
Já em terras de Sua Majestade, foi o herdeiro da coroa britânica foi diagnosticado com o novo coronavírus. O Príncipe Carlos, de 71 anos, isolou-se por sete dias na residência oficial em Balmoral, na Escócia. Segundo o seu gabinete, o príncipe tem apenas “sintomas ligeiros” e está “de boa saúde”. Já a mulher, Camila, mantém-se em autoisolamento, apesar de o teste realizado ter dado negativo.
Dias depois, foi a vez do primeiro-ministro britânico ter anunciado que está infetado: “Desenvolvi alguns sintomas ligeiros de coronavírus, ou seja, temperatura alta e tosse persistente. Aconselhado pelo diretor-geral de saúde fiz um teste, que deu positivo”, escreveu Boris Johnson, através da rede social Twitter.
Over the last 24 hours I have developed mild symptoms and tested positive for coronavirus.
I am now self-isolating, but I will continue to lead the government’s response via video-conference as we fight this virus.
Together we will beat this. #StayHomeSaveLives pic.twitter.com/9Te6aFP0Ri
— Boris Johnson #StayHomeSaveLives (@BorisJohnson) March 27, 2020
Apesar de estar infetado, o líder do executivo britânico não suspendeu as funções: “Não se preocupem porque, graças às maravilhas da tecnologia vou estar em contacto com a minha equipa para liderar a luta nacional contra o novo coronavírus”, garantiu.
A infeção de Boris Johnson fez também soar os alarmes em relação à Rainha Isabel II, de 93 anos. Antes da confirmação oficial, o primeiro-ministro do Reino Unido terá marcado presença dois dias antes, já infetado, num debate na Câmara dos Representantes, tendo estado também pessoalmente com a rainha, que, entretanto, se isolou no Castelo de Windsor juntamente com o marido. A Casa Real garante que os dois estão “bem de saúde”.
Quase ao mesmo tempo, foi conhecido que o ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, estava infetado com Covid-19. O governante também marcou presença na Câmara dos Representantes onde esteve Boris Johnson.
Tenho estado a trabalhar de casa nos últimos dois dias, porque todos os que puderem trabalhar a partir de casa, devem fazê-lo", confirmou através da rede social Twitter.”
Following medical advice, I was advised to test for #Coronavirus.
I‘ve tested positive. Thankfully my symptoms are mild and I’m working from home & self-isolating.
Vital we follow the advice to protect our NHS & save lives#StayHomeSaveLives pic.twitter.com/TguWH6Blij
— Matt Hancock (@MattHancock) March 27, 2020
A primeira governante do Reino Unido a conhecer o resultado positivo para o vírus foi Nadine Dorries, secretária de estado da Saúde. Pelo Twitter disse que decidiu isolar-se em casa.
Obrigado por tantos desejos de melhoras Tem sido mau, mas espero que já tenha passado o pior. Estou mais preocupada com a minha mãe de 84 anos, que fica comigo e começou a ter tosse hoje. Irá ser testada amanhã. Mantenham-se seguros e continuem a lavar as mãos, pessoal", escreveu Dorries
Na verdade, pode ter sido a “paciente zero” do governo britânico uma vez que dias antes de lhe ter sido diagnosticada a doença, a secretária de estado esteve com o primeiro-ministro e com outros membros do executivo.
FRANÇA
Em França, onde a pandemia de coronavírus já provocou 4.032 mortos e 57.807 infetados, a assembleia nacional foi um dos focos de infeção. No dia 7 de março, o deputado Jean-Luc Reitzer, eleito por uma das regiões mais afetadas, recebeu a confirmação de que estava infetado. Está internado nos cuidados intensivos. Estão também infetados a deputada socialista Sylvie Tolmont e os deputados do partido do presidente francês, Guillaume Vuilletet e Elisabeth Toutut-Picard.
Dois dias depois, a 9 de março, o gabinete do ministro da Cultura francês, Franck Riester, informa que o governante contraiu o vírus. Dias antes tinha estado precisamente no parlamento gaulês.
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Francês e atual Negociador-Chefe da União Europeia, Michel Barnier anunciou que estava infetado através do Twitter. No vídeo publicado garantiu não ter sintomas e que esta confiante na recuperação, em casa.
ITÁLIA
Em Itália, o país mais afetado em todo o mundo, recebeu teste positivo ao novo coronavírus o líder do Partido Democrático e presidente da Região da Lazio. Nicola Zingaretti chegou até a relativizar o impacto do vírus, mas acabou por ser infetado. No entanto, faz agora parte dos mais de 18 mil curados: “Fiz dois testes que deram negative. Curei-me e volto ao trabalho”, anunciou Zingaretti na rede social Twitter. O número de mortes em Itália aproxima-se agora dos 14 mil.
Sono risultato negativo a 2 tamponi consecutivi. Sono guarito e torno al lavoro. Grazie a tutti gli operatori della sanità, alle donne e agli uomini che con il proprio impegno stanno combattendo per l'Italia
— Nicola Zingaretti (@nzingaretti) March 30, 2020
Há ainda quatro presidentes de câmaras confirmados com Covid-19: Rinaldo Argentieri, de Matera; Marcello Cardona, de Lodi; Attilio Visconti, de Brescia; Elisabetta Margiacchi, de Bergamo.
IRÃO
Mais distante, o Irão também sofre com a pandemia. O nome mais sonante diagnosticado com a doença é o de Iraj Harirchi, vice-ministro da Saúde.
O teste ao senhor Harirtchi, que esteve na linha da frente no combate ao coronavírus deu positivo", anunciou no Twitter a assessoria do Ministério da Saúde.
Há vários responsáveis políticos iranianos infetados, mas pelo menos três não resistiram: dois deputados - Fatemeh Rahbar e Mohammad Ali Ramazani - e o conselheiro do Líder Supremo do Irão, Mohammad Mirmohammadi.
AUSTRÁLIA
Já na Austrália, foi o ministro do Interior, Peter Duttor, a ser diagnosticado com Covid-19 depois de ter realizado uma viagem aos Estados Unidos: “Estou bem”, garantiu em comunicado.
Na mesma semana em que recebeu o resultado participou numa reunião do Conselho de Ministros com os restantes governantes e o chefe do governo, Scott Morrison. Apesar disso, não há mais casos confirmados.