Moçambique e a «segunda descolonização» - TVI

Moçambique e a «segunda descolonização»

Afonso Dlhakama, líder da Renamo [Foto: EPA]

A promessa do líder da Renamo a poucos dias das eleições. País africano e antiga colónia portuguesa vai a votos a 15 de outubro

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O líder da Renamo, maior partido da oposição em Moçambique, assegurou esta quarta-feira ter criado todas as condições para «a segunda descolonização» do país, cabendo aos eleitores fazer esta escolha nas eleições de 15 de outubro.

Afonso Dhlakama encheu o jardim do histórico edifício dos caminhos de ferro, na baixa da Beira, província de Sofala, centro do país, e prometeu «libertar da escravatura a população com a sua alternativa de governação».

«Eu, Afonso Dlhakama, quero governar o povo, quero acabar com escravatura. Quero governar com democracia e justiça», disse o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), sustentando que a população vai sentir-se dona do território e ter desenvolvimento, como cita a Lusa.

Já o candidato presidencial da Frelimo, Filipe Nyusi, chamou «preguiçosos» aos que o criticam por defender no seu manifesto eleitoral a continuidade das ações dos ex-chefes de Estado moçambicanos Samora Machel, Joaquim Chissano e do atual Presidente, Armando Guebuza.

Num comício realizado na terça-feira na vila da Manhiça, na província de Maputo, Filipe Nyusi afirmou que «a marcha deve continuar», numa alusão às obras iniciadas por então presidentes moçambicanos - todos pertencentes à Frelimo, partido no poder desde a independência - e estabeleceu um paralelismo com um automóvel.

«A nossa marcha deve continuar, irmãos, porque vocês sabem que o Presidente (Armando) Guebuza vai deixar a Presidência. Como sabem, quando um carro para, há que reiniciar e meter novas mudanças. É por isso que eu digo que vou continuar e vou ter que meter mais mudanças, para andarmos mais depressa. Eu serei o seu novo condutor e posso meter as mudanças como eu quero e assim garantir maior aceleração», disse.

Moçambique vai a votos dia 15 de outubro. Das modestas arruadas à contratação de reconhecidos artistas musicais, as ações de campanha dos partidos que estão na corrida às eleições moçambicanas revelam o seu poder de mobilização e de meios financeiros.

Embora com 30 formações políticas, a «festa» da campanha eleitoral moçambicana tem-se centrado em três partidos, os únicos com representação parlamentar, e cujos candidatos encabeçam a possível sucessão do atual Presidente moçambicano, Armando Guebuza.

E, talvez por isso, Filipe Nyusi, da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder, Afonso Dhlakama, da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e Daviz Simango, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), personificam o próximo ato eleitoral, mais que não seja pelo facto dos seus rostos terem coberto Moçambique de lés-a-lés, ainda que em diferentes formatos de impressão e em intensidade, uma evidência do poder económico dos seus partidos.

Portugueses em Moçambique

O Governo português emitiu um alerta na semana passada a recomendar prudência aos seus cidadãos que residam em Moçambique e aos que pretendam viajar para o país, devido à aproximação das eleições gerais de 15 de outubro.

«Recomenda-se aos cidadãos portugueses que sejam prudentes e façam uma rotina sensata, evitando aglomerações de pessoas e participação em eventos políticos eleitorais», cita a Lusa.

Segundo o texto, «no dia das eleições, será conveniente manterem-se afastados dos centros onde decorrem os atos eleitorais, devendo ainda acompanhar a evolução dos acontecimentos e evitar deslocações longas não estritamente necessárias nesse dia».
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