Hayat Boumeddiene era namorada de Amedy Coulibaly, suspeito do homicídio de uma polícia e autor do sequestro num supermercado judaico, em Paris. Também terá ligações aos irmãos Kouachi, responsáveis pelo ataque à revista Charlie Hebdo. As autoridades francesas acreditam que terá fugido antes dos atentados.
A segunda edição da revista, com o título «Qu'Allah Maudisse La France» (que Allah amaldiçoe a França), contém uma entrevista, de duas páginas, a Boumeddienne. No artigo «Interview de l'épouse» (entrevista com a esposa), afirma que o companheiro queria combater na Síria ou Iraque.
«Que Deus tenha misericórdia dele (...) o seu coração ardia de desejo de se juntar aos seus irmãos e lutar contra os inimigos de Alá na terra do Califado. Os olhos dele brilhavam quando via vídeos do Estado Islâmico e dizia 'não me mostres isso' porque lhe dava vontade de partir imediatamente».
Diz também ter chegado ao Estado Islâmico com facilidade e sentir-se bem por estar no território.
«Louvado seja Alá, que me facilitou o caminho, não encontrei nenhuma dificuldade. É bom viver numa terra regida pelas leis de Allah. Sinto que cumpri esta obrigação graças a Alá».
Hayatt não fez quaisquer comentários sobre a ligação aos ataques de Paris, mas divulgou ainda ideias semelhantes às do manifesto da Brigada Al-Khansaa , composta por apoiantes femininas do grupo .
«Meus irmãos e irmãs, convido-vos a questionarem-se sobre o estado da 'Ummah' (nação) em todo o mundo e a agir em conformidade, consultando o Alcorão e a 'Suna' (religião). Alá, o altíssimo, dotou-nos de razão para refletir e inteligência para pensar. Por que se rebaixam ao pensar que não podem entender o Alcorão e que o sacerdote ou o académico são absolutamente necessários? Embora precisemos da ciência no geral, Deus criou o caminho global e o Alcorão e a 'Suna' facilitam a compreensão».
David Thomson, jornalista da rádio Radio France Internacional (RFI), publicou a capa da revista e um excerto do texto no Twitter.
Sortie du numéro 2 de "Dar al Islam" magazine français de l'Etat islamique intitulé "Qu'Allah maudisse la France" pic.twitter.com/TiKBD46X9V
— David Thomson (@_DavidThomson) 11 fevereiro 2015
Dans ce numéro: une interview d'Hayat Boumédiene, épouse d'Hamedy Coulibaly pic.twitter.com/XOx2MkcZTw
— David Thomson (@_DavidThomson) 11 fevereiro 2015
A polícia francesa procura Hayat Boumeddiene desde janeiro. A estação televisiva turca Habertürk divulgou imagens de videovigilância, que mostram a jovem no aeroporto de Istambul, Sabiha-Gökçen, no dia 2 de janeiro. A acompanhá-la estava um homem, mais tarde identificado com Mehdi Belhoucine. É conhecido por estar ligado ao recrutamento de combatentes para a «jihad» (guerra santa).
Segundo o Ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Mevlut Cavusoglu, a jihadista cruzou a fronteira Síria na Turquia a 8 de janeiro. A última vez que terá sido vista, foi no vídeo do Estado Islâmico «Blow Up France 2» (rebentar com a França 2), que mostra uma militante trajada com um uniforme militar e a segurar uma espingarda.