«Governo da Malásia não faz qualquer ideia do que aconteceu com aquele avião» - TVI

«Governo da Malásia não faz qualquer ideia do que aconteceu com aquele avião»

Meio mundo à procura do avião da Malásia (Reuters)

Antigo piloto da American Airlines, que comandou Boeing 777 idêntico ao avião da Malásia desaparecido há dois meses, em grande entrevista ao tvi24.pt

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Mark Weiss, antigo piloto da American Airlines, dirige a equipa de aviação civil do Spectrum Group, empresa baseada em Washington DC.

Este especialista norte-americano em aviação conhece a fundo a operação de investigações e buscas do voo MH370 da Malaysia Airlines, misteriosamente desaparecido a 8 de março passado, minutos depois de ter descolado do aeroporto de Kuala Lumpur, nunca tendo chegado a Pequim.

A experiência de 20 anos a comandar um Boeing 777 em tudo idêntico ao que desapareceu leva-o a apontar para uma hipótese de «algum tipo de luta ter acontecido no cockpit», muito provavelmente provocada por um ou mais intrusos.

Mark Weiss não poupa o comportamento do governo da Malásia em todo este processo. E acusa: «Houve falta de transparência, houve passos errados. Houve falhas na troca de informação».

Entrevista exclusiva ao tvi24.pt.

Que avaliação faz da forma como as autoridades da Malásia reagiram ao sucedido?

Péssima. Houve falta de transparência, houve passos errados. Houve falhas na troca de informação. Temos que perceber que para lá de ser um problema enorme, isto é uma tragédia humana. Temos que nos focar desde o início nisso e as autoridades da Malásia não o fizeram. Houve 17 minutos de diferença entre o controlo na Malásia e o aviso ao centro de Ho Chi Min. Podemos pensar que 17 minutos é muito tempo e também podemos pensar que não, que naquele contexto não é assim tanto. Okay, aquilo passou à uma da manhã locais, um dos pilotos pode ter ido andar um pouco por cinco ou seis minutos, talvez a pessoa no centro de controlo tenha saído também por uns cinco ou seis minutos. Isso pode ter sido decisivo. Mas outro ponto crucial foram as quatro horas e meia que passaram desde que o «transponder» foi desligado e o avião fez alteração de rota e o momento em que os radares militares, que estavam nessa altura responsáveis por seguir aquele aparelho, deram o alerta às autoridades civis.

Essas quatro horas e meia de demora foram ainda mais gravosas dos que os 17 minutos do centro de controlo da Malásia para Ho Chi Min?

As duas coisas foram negativas, mas diria que essas quatro horas e meia fora especialmente gravosas. Houve falha grave de comunicação entre as autoridades militares e civis. Eles sabiam que aquele avião era «amigável», mas também sabiam que não era suposto estar ali. Porque não agiram antes? Essa falha de comunicação foi desastrosa.
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