Milhares de apoiantes de Mir Hossein Moussavi, o candidato derrotado nas eleições presidenciais de sexta-feira no Irão, estão esta segunda-feira a manifestar-se no centro de Teerão, noticia a CNN. Os manifestantes desafiam assim a proibição do protesto, decretada pelo Governo.
A cadeia norte-americana de televisão acrescenta que o próprio Mir Hossein Moussavi, que há vários dias estava sob vigilância na própria casa, está presente na manifestação para apelar à calma.
O Ministério iraniano do Interior anunciou esta manhã que «todo o tipo de manifestação ou reunião está proibido», em resposta a um pedido de Moussavi para que autorizasse um protesto no centro da capital. O ministro do Interior avisou mesmo que, se a manifestação fosse para a frente, a responsabilidade de tudo o que viesse a acontecer seria de Moussavi.
Irão: proibidos protestos a favor de Moussavi
A decisão do principal rival de Mahmoud Ahmadinejad de comparecer na manifestação ilegal desta segunda-feira surge depois do líder supremo da Revolução Islâmica, ayatollah Ali Khamenei lhe ter «exigido» que seguisse a via legal para contestar os resultados da eleição. Os dois homens tiveram uma reunião domingo à tarde, em que Moussavi considerou a decisão «ilegítima», mas aceitou «adiar o protesto».
Investigação a fraude nas eleições do Irão
O candidato reformista diz que os resultados da eleição de sexta-feira são uma fraude, e apresentou no domingo o pedido formal de impugnação. Oficialmente, o radical Ahmadinejad conseguiu a reeleição para o cargo de Presidente com 62% dos votos.
Desde a madrugada de sábado que Teerão e outras cidades iranianas têm sido palco de confrontos entre a polícia e os apoiantes de Moussavi. Mais de centena e meia de oposicionistas foram detidos. Registaram-se já também confrontos, novamente esta segunda-feira, entre os apoiantes de Moussavi e os do Presidente reeleito. Mahmoud Ahmadinejad adiou uma visita à Rússia, prevista para esta segunda-feira, aparentemente por causa da agitação nas ruas.
O Conselho dos Guardiões vai analisar o protesto de Moussavi, mas são poucas as esperanças numa decisão favorável à oposição. Desde a fundação da República Islâmica, há 30 anos, o poderoso Conselho dos Guardiões nunca tomou uma decisão de tal envergadura.
UE acompanha situação com preocupação
A agência Lusa refere que várias capitais europeias admitem chamar o embaixador iraniano para discutir posições, na sequência das alegadas irregularidades nas eleições presidenciais naquele país.
Questionado sobre se Lisboa admite fazer o mesmo, o ministro português dos Negócios Estrangeiros referiu aos jornalistas que, já terça-feira, haverá oportunidade de «trocar impressões» com as autoridades de Teerão. Luís Amado falava da visita a Lisboa do vice-ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros.
ONU e EUA atentos
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) também já disse estar a seguir de perto os desenvolvimentos no Irão, refere a Reuters.
«A minha posição e a das Nações Unidas é a de que a vontade genuína do povo iraniano deve ser inteiramente respeitada», disse Ban Ki-monn aos jornalistas, acrescentando que está atento ao desfecho que vai ter a investigação à alegada fraude nas eleições.
A Reuters acrescenta que também os Estados Unidos seguem com atenção a situação pós-eleitoral naquele país asiático do Médio Oriente.
«É óbvio que continuamos preocupados com aquilo a que estamos a assistir», disse esta segunda-feira aos jornalistas o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs.
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Teerão: milhares desafiam proibição em manif ilegal
- Redação
- AR
- 15 jun 2009, 15:38
Moussavi apela aos apoiantes que mantenham a calma, depois do líder supremo lhe ter exigido que conteste os resultados das presidenciais pela via legal
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