Rússia: Pussy Riot acusadas de vandalismo dizem-se inocentes - TVI

Rússia: Pussy Riot acusadas de vandalismo dizem-se inocentes

Atuação da banda Pussy Riot [Foto: Reuters]

Três jovens da banda tocaram uma música contra Putin na catedral ortodoxa de Moscovo

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As três jovens da banda punk Pussy Riot lamentaram hoje ter sido ofensivas quando tocaram uma música contra o Presidente russo, Vladimir Putin, na catedral ortodoxa de Moscovo mas perante o tribunal declararam-se inocentes de todas as acusações.

O julgamento começou hoje na capital russa e as três jovens incorrem numa pena que pode chegar aos sete anos de cadeia caso venham a ser consideradas culpadas dos atos de vandalismo de que são acusadas apesar de já terem afirmado que tinham como intenção mudar a Rússia e não provocar um erro que classificaram de «étnico» ao ofender os crentes ortodoxos.

No princípio do mês de julho, as autoridades judiciais ordenaram a prisão preventiva às três Pussy Riot que se pode prolongar até janeiro de 2013 o que provocou uma onda de protestos junto dos fãs e da oposição política que acusam o sistema de estar a ser orquestrado por Vladimir Putin.

Em fevereiro, Nadezhda Tolokonnikova, Yekaterina Samutsevic e Maria Alekhina subiram a um púlpito no interior da Igreja de Cristo Salvador e tocaram uma «oração punk» contra Putin.

O trio foi detido em março e acusado de atos de vandalismo e apesar de muitas outras pessoas terem participado na atuação no interior do templo ortodoxo apenas as três membros da banda foram presas.

Hoje, após serem identificadas pelo tribunal Khamovnichesky na capital russa a advogada de defesa, Violetta Volkova, leu os depoimentos em nome das três acusadas.

«O ato foi uma tentativa desesperada de mudar o sistema político. Não tivemos a intenção de insultar as pessoas. Não esperávamos que o nosso aspeto punk pudesse ser ofensivo», comunicaram, através da advogada.

«O facto de não aceitarmos a acusação não quer dizer que não estejamos preparadas para admitir os nossos erros. Se alguém se sentiu insultado, estou preparada para aceitar que cometemos um erro étnico», disse Nadezhda Tolokonnikova, membro da banda, através da comunicação da advogada.

A membro da banda acrescentou que o protesto foi motivado pelo apoio do patriarca da Igreja Ortodoxa russa, Kirill, ao Presidente Putin durante as eleições.

Samutsevich, uma outra jovem da banda, disse em tribunal que o principal motivo da atuação foi a «ilegitimidade» que rodeou as eleições porque os apelos do Patriarca Kirill ao voto em Putin foram «claras violações» ao Estado laico.

O pai de Yekatarina Samutsevich, Stanislav, disse ter poucas esperanças sobre a sentença que a filha vai ser condenada.

«É evidente que elas vão para a prisão. Este é um julgamento político», disse hoje Stanislav Samutsevich durante a primeira sessão do julgamento.

Entretanto, o primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev, apelou à calma sobre este caso, numa entrevista ao jornal «Times» de Londres.

«Vamos deixar que termine a investigação e que o tribunal dite o veredito para depois dizermos se foi cometido um crime ou não», afirmou Medvedev.

O caso já fez com que os músicos da banda norte-americana Red Hot Chilli Peppers, que atuaram na semana passada na Rússia, mostrassem «preocupação» sobre o caso. Anthony Kieis, dos Red Hot Chilli Peppers, durante os concertos em Moscovo e S. Petersburgo, vestia uma camisola com o nome da banda punk russa.

O músico britânico Sting, que também atuou em Moscovo, mostrou-se preocupado com o julgamento das Pussy Riot.

O tribunal Khamovnichesky, em Moscovo, é o mesmo onde decorreu em 2010 o julgamento do processo de Mikhail Khodorkovsky, o patrão da petrolífera Yukos e que acabou condenado por fraude.

A mesma caixa de vidro à prova de bala onde se sentava Khodorkovsky durante o julgamento do processo Yukos é agora ocupada pelas três jovens da banda punk Pussy Riot.

As sessões do julgamento da banda punk podem ser acompanhadas em direto através da internet ( aqui), num gesto em que o tribunal diz querer mostrar transparência, mas as câmaras só mostram imagens das acusadas e da advogada de defesa.
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