Manifestações despoletaram em várias zonas da Etiópia após o assassinato a tiro do músico Hachalu Hundessa, conhecido por canções de liberdade política e religiosa.
Sete pessoas morreram durante os protestos espontâneos, disseram médicos etíopes à BBC.
As músicas de Hachalu frequentemente abordavam temas como os direitos da etnia Oromo do país e acabaram por se tornar hinos de uma onda de protestos que acabou com a queda do primeiro-ministro Hailemariam Desalegn Boshe em 2018.
A polícia está a investigar a morte do cantor de 34 anos que ocorreu nos arredores da capital, Adis Abeba e já foram detidas várias pessoas. Hachalu Hundessa já tinha afirmado ter recebido ameaças de morte.
Milhares de fãs foram ao hospital na capital onde o corpo do cantor foi levado na noite de segunda-feira. Para muitos Oromo, Harachu era a voz de uma geração que protestou contra décadas de repressão governamental.
Um símbolo para o povo Oromo, o cantor expressava-se sobre a marginalização política e económica que a etnia sofria sob regimes etíopes consecutivos.
Numa das suas canções mais famosas, Harachu cantou: "Não esperes que a ajuda venha de fora, um sonho que não se realiza. Levanta-te, prepara o teu cavalo e luta, tu és quem mais próximo está do palácio”.
Aos 17 anos, o cantor chegou a estar preso durante cinco anos por participar em protestos. Em vez de fugir para o exílio como muitos outros opositores do regime etíope, Harachu permaneceu no país e incentivou os jovens a lutar.