França: ex-candidato à presidência em greve de fome

O activista francês José Bové, conhecido pela sua luta contra os transgénicos, entrou hoje em greve de fome para exigir que o Governo proíba o cultivo de milho geneticamente modificado em França, refere a Lusa.

«Já não me alimento desde ontem à noite» [quarta-feira] afirmou José Bové, antigo porta-voz do sindicato da Confederação Camponesa e antigo candidato à presidência daquele país.

Em causa está o milho «MON 810», do grupo norte-americano Monsanto, actualmente o único tipo de milho geneticamente modificado que é cultivado na França.

Este milho transgénico foi autorizado pela Comissão Europeia para cultivo em toda a União Europeia (UE), sendo cultivado em Portugal desde 2005.

O activista explicou à rádio francesa «RTL» que apenas se encontra a ingerir água em protesto contra o que descreveu como o «não cumprimento da promessa do Governo francês de proibir os transgénicos» no país.

Segundo Bové, após uma conferência ecológica realizada em Paris, em Outubro passado, o Governo tinha prometido enviar uma carta a Bruxelas dizendo que a França aplicaria a chamada «cláusula de salvaguarda» para suspender o uso de transgénicos até que estudos científicos comprovassem a sua segurança.

Esta cláusula permite que qualquer Estado-membro da UE proíba o cultivo de organismos geneticamente modificados (OGM), tais como o milho «MON 810», apesar de esta prática estar autorizada a nível comunitário.

De acordo com dados da «Plataforma Portuguesa por uma Agricultura Sustentável», actualmente existem cinco proibições nacionais para o cultivo desse milho: a Hungria, Polónia, Áustria, Grécia e Alemanha não permitem o cultivo do 'MON 810' com base, sobretudo, em razões de protecção ambiental.

Para pôr fim ao seu protesto, o activista francês exige à França que active a «cláusula de salvaguarda» e que os responsáveis lhe apresentem «uma prova material», que comprove o envio da carta à Bruxelas.

O governo francês suspendeu o cultivo de organismos geneticamente modificados até o próximo de 09 de Fevereiro, a espera de nova legislação sobre o tema.

O antigo candidato à presidência francesa e protagonistas de diversos acções de protesto ecológico foi condenado há quatro meses de prisão por ter destruído uma plantação de milho transgênico em 2004.