Praça Tahrir no Cairo transforma-se campo de batalha - TVI

Praça Tahrir no Cairo transforma-se campo de batalha

Confrontos entre apoiantes a favor e contra o presidente Hosni Mubarak fazem quatro centenas de feridos e três mortos. Casa Branca avisa que é tempo de mudança

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Última actualização às 22:00

A Praça Tahrir, no Cairo, transformou-se no palco de uma verdadeira batalha campal. Apoiantes de Hosni Mubarak envolveram-se em confrontos com os que contestam o presidente egípcio. O governo fala em mais de 600 feridos e três mortos. A Casa Branca volta a avisar que é tempo de mudança no país .

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, já condenou estes incidentes , após um encontro com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, que considerou «inaceitável» a possibilidade destes terem sido patrocinados pelo regime de Mubarak.

De acordo com a Al Jazeera, os militares que se encontram no local estão a abster-se de intervir para colocar fim aos confrontos, embora estejam a chegar imagens de detenções efectuadas por soldados, notícias de tiros para o ar e de lançamento de gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes, num dia em que o exército apelou ao regresso à normalidade .

Os repórteres do canal noticioso que se encontram no terreno descrevem um cenário caótico e dão conta de centenas de feridos. Um médico que dirige uma clínica perto da praça disse à Reuters que no local deram entrada cerca de 400 feridos. O ministério da Saúde conta 611 pessoas com ferimentos e diz que morreu um elemento das forças de segurança, não especificando se da polícia ou do exército.

Algumas testemunhas deram conta da chegada ao local de apoiantes do presidente armados com paus, pedras e facas. A Al Jazeera refere que alguns dos atacantes entram na praça montados em cavalos e camelos, atacando os manifestantes.

Tiros e veículos militares tomados

Na praça já se ouviu o som de disparos e a Al Jazeera dá conta que três veículos militares de transporte foram tomados por defensores do presidente, que os usaram para bloquear uma rua. Posteriormente, estes elementos foram afastados pelos outros manifestantes, sem sinal dos militares no local.

A Al Jazeera registou imagens de elementos pró-Mubarak na posse de identificação policial. A polícia é acusada pelos manifestantes de ser um instrumento do regime. Recorde-se que maior parte das mortes nos primeiros dias de protestos (uma estimativa da ONU aponta para 300 ) registaram-se durante confrontos entre opositores do presidente e as forças de segurança.

A polícia desapareceu das ruas das principais cidades egípcias nos últimos dias, depois do exército entrar em cena e ter recusado usar a força contra a população.

Mohamed ElBaradei, o rosto da oposição ao chefe de Estado, acusou o governo de estar a usar de «tácticas de intimidação», numa altura em que na praça se encontram entre os manifestantes muitas crianças e mulheres. O rosto da oposição apelou ao exército para proteger os manifestantes .

Um elemento da Irmandade Muçulmana, em declarações à Al Jazeera, fez o mesmo apelo, pedindo à comunidade internacional que proteja o direito ao protesto pacífico contra o presidente.

Esta terça-feira à noite, em Alexandria, um outro grupo de apoiantes do presidente envolveu-se em protestos violentos com opositores. Os militares, cujo um tanque foi cercado, tiveram disparar para o ar para dispersá-los ( vídeo ).

Nesta cidade há informações de novos protestos contra Mubarak, que anunciou esta terça-feira que não se recandidatará à presidência. O presidente salientou contudo que permanecerá no poder até às eleições, recusando abandonar o Egipto ( vídeo ).

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