Zimbabué: jornalistas detidos pela polícia - TVI

Zimbabué: jornalistas detidos pela polícia

  • Portugal Diário
  • JRS com António Pina, da agência Lusa
  • 3 abr 2008, 20:07
Contagem de Votos no Zimbabué (EPA/STR)

Agentes invadiram também instalações do partido Movimento para a Mudança Democrática

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[Notícia actualizada às 00h33 de sexta-feira, dia 4]

Dois jornalistas estrangeiros, acusados de participar ilegalmente na cobertura das eleições do Zimbabué, foram detidos esta quinta-feira num hotel de Harare, declarou um porta-voz da polícia, noticia a agência Lusa.

«Posso apenas confirmar que detivemos dois jornalistas no York Lodge. Eles são alvo de um inquérito por exercício (da profissão) sem acreditação. Eles foram interpelados esta noite e colocados sob detenção», declarou o porta-voz Wayne Bvudzijena, sem no entanto revelar mais detalhes sobre a identidade dos detidos, disse um porta-voz da polícia, citado pela agência France Presse.

O jornal norte-americano The New York Times adiantou, entretanto, que um dos jornalistas detidos é Barry Bearak, enviado daquele diário a Harare.

De acordo com a agência Lusa, também o quarto do enviado do jornal espanhol El País foi revistado pelas autoridades. O jornalista espanhol não foi detido mas mudou-se para a residência do embaixador de Espanha no Zimbabué após o incidente.

Os agentes da Polícia interrogaram também funcionários do hotel sobre o paradeiro de um jornalista italiano ao serviço do Corriere della Sera mas este não se encontrava na altura no hotel.

Quando a Agência Lusa se deslocou à estalagem, às 22h locais (21h em Lisboa), um responsável da York Lodge afirmou através do intercomunicador não poder prestar quaisquer declarações, revelando que a polícia ainda se encontrava nas instalações.

Esta estalagem funciona numa residência cercada por altos muros, pelo que foi impossível ter acesso a outros hóspedes que teriam testemunhado a detenção.

Entretanto a RTP avançou que efectivos da polícia do Zimbabué invadiram instalações do Movimento para a Mudança Democrática (MDC) num outro hotel de Harare, o Meikles. A denúncia foi feita pelo secretário-geral do principal partido da Oposição ao regime de Robert Mugabe, Tendai Biti. O dirigente do principal partido da Oposição admitiu que estes raids policiais possam ser apenas o início de uma vaga de repressão mais vasta.

Testemunhas oculares, muitas delas enviados de órgãos de comunicação estrangeiros, disseram à Lusa que agentes da polícia zimbabueanos «efectuaram buscas a diversos quartos onde estão alojados dirigentes e funcionários do MDC».



Isto acontece depois de ter sido anunciado que Robert Mugabe perdeu as eleições, quando a oposição já reclamava vitória desde Domingo. Há poucas horas o partido do ditador declarou que vai continuar a lutar pelo poder no país.
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