Foi um golpe nas pretensões dos Estados Unidos da América (EUA) e dos seus aliados. Esta quinta-feira, no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) a Rússia bloqueou um projeto de resolução norte-americano, destinado a prolongar uma investigação ao uso de armas químicas na Síria.
O veto russo significa que o Mecanismo Conjunto de Investigação (MCI) - painel que descobriu que o governo da Síria e o autoproclamado Estado Islâmico usaram armas químicas naquele país - termina mesmo esta sexta-feira, data em que expira o mandato dos especialistas.
Para Nikki Haley, embaixador dos EUA na ONU, a mensagem de Moscovo não deixa dúvidas: "[a] Rússia aceita o uso de armas químicas na Síria". E teceu duras críticas, referindo que "o próximo ataque" deste género "estava nas suas mãos".
By using the veto to kill a mechanism in Syria that holds users of chemical weapons accountable, Russia proves they cannot be trusted or credible as we work towards a political solution in Syria.
— Nikki Haley (@nikkihaley) November 16, 2017
Esta foi a décima vez que a Rússia recorreu ao direito de veto, enquanto Membro Permanente do Conselho de Segurança, para travar resoluções na ONU em relação à Síria.
De acordo com o embaixador russo, Vassily Nebenzia, o MCI apresentava "falhas sistémicas extremas" e descreveu a forma como os especialistas investigavam como "uma anedota".
A reunião do Conselho de Segurança foi uma verdadeira frente de confronto. Enquanto os russos chumbaram a resolução dos EUA, houve uma proposta de Moscovo que também foi bloqueada. A Rússia pretendia rever a missão do painel de investigadores e congelar as conclusões do último relatório - que ligava o regime de Bashar al-Assad a um ataque com gás sarin.
Nebenzia acusou "alguns membros" de serem responsáveis "pelo fim da investigação". "Prova que a febre contra Damasco é a única prioridade para eles e que manipularam a investigação para coincidir com os seus interesses".
Horas antes da votação, o Presidente dos EUA, Donald Trump, pediu ao Conselho de Segurança da ONU para prolongar a investigação, como maneira de garantir que "o regime de Assad nunca mais possa cometer assassinatos em massa com armas químicas".
Need all on the UN Security Council to vote to renew the Joint Investigative Mechanism for Syria to ensure that Assad Regime does not commit mass murder with chemical weapons ever again.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) November 16, 2017
Um pedido em nada compatível com a posição de Sergey Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, que antes da reunião, também acusara os investigadores de serem "parciais" e "politizados".